Rio de Janeiro, 16 de Setembro de 2025

Juros vão cair mais devagar, sinaliza o Copom

Arquivado em:
Quinta, 01 de Fevereiro de 2007 às 10:51, por: CdB

A demanda aquecida pelo aumento dos níveis de emprego e renda e pela política fiscal do governo justificaram a mudança no ritmo de corte do juro básico em janeiro, apontou o Banco Central, nesta quinta-feira. Para analistas, o BC indica um ciclo mais longo de cortes da Selic. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) afirma que a preservação das conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico demandava que a política de juros passasse a ser conduzida com "parcimônia" já a partir do início deste ano.

"Essa ponderação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta os sinais de demanda aquecida, as pressões sobre a inflação no curto prazo e que as decisões de política monetária passarão a ter impactos concentrados no segundo semestre de 2007 e, progressivamente, em 2008", afirmaram os integrantes do Copom, em relatório.

Na reunião da semana passada, o Copom decidiu por 5 votos a 3 reduzir para 0,25 ponto percentual o ritmo de corte da Selic, após cinco reduções consecutivas de 0,50 ponto. Com isso, a taxa básica de juro do país caiu para 13%. Os três votos dissidentes foram pela manutenção do tamanho do corte do juro em 0,50 ponto percentual. Apesar da dissidência, houve consenso, segundo a ata, de que o corte menor "contribuiria para aumentar a magnitude do ajuste total a ser implementado".

- Assim, o BC reconhece que o juro ao final do processo de queda pode ser ainda menor. Essa observação do Copom sugere que, se tivesse ocorrido um corte de 0,50 ponto, o processo acabaria de maneira mais rápida e em patamar de juro mais elevado - afirmou o economista Juan Jensen, da Tendências Consultoria.

Como já havia feito na ata de dezembro, o Copom destacou o crescimento "robusto" da demanda por conta da expansão de crédito, renda e emprego, além das transferências do governo e outros impulsos fiscais. Este mês, o BC também chamou a atenção para o efeito desses estímulos sobre a expansão da indústria, que deve "apresentar aceleração em 2007".

Inflação contida

A decisão de reduzir o ritmo de corte do juro foi tomada ao mesmo tempo em que o BC reduziu suas projeções para a inflação deste ano e de 2008. As estimativas caíram tanto no cenário que leva em conta Selic e câmbio estáveis quanto no que considera as projeções do mercado para essas variáveis. A ata não revela o nível preciso das projeções, mas afirma que apenas no cenário de mercado para 2008 a estimativa permanece acima da meta de 4,5%. Nos demais cenários, estão abaixo da meta.

O BC reiterou que as perspectivas para a trajetória da inflação são "benignas" e destacou a queda "expressiva" dos preços do petróleo no mercado internacional nas últimas semanas. Para Fábio Knijnik, analista do BES Investimento, o fato de o BC ter ressaltado estar olhando mais para o segundo semestre de 2007 e para 2008 "significa que os números ainda elevados de inflação corrente, enquanto não tiverem impacto nas projeções mais longas, não serão impeditivos para a continuidade do processo de flexibilização monetária."

O Copom notou que a inflação no curto prazo está sendo "liderada por pressões derivadas de altas de preços de alimentos e itens administrados" que não se esgotaram, mas têm caráter transitório. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve alta de 0,52% em janeiro, uma aceleração frente ao ganho de 0,35% de dezembro provocada basicamente pelos preços do grupo Transportes.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo