O PT elegeu hoje seu alvo preferencial na disputa pela Presidência. No velório do prefeito de Santo André, Celso Daniel, o presidente do PT, deputado federal José Dirceu (SP), responsabilizou o PFL da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, por provocar o ódio contra petistas. A referência foi indireta, mas não deixou margem para dúvidas. Dirceu também chamou os adversários de "mercadores da morte". "Tem gente fazendo programa de TV no horário partidário instigando o ódio e a violência contra o PT", afirmou o deputado. "São mercadores da morte e da violência." Ele não mencionou explicitamente o PFL. Mas, indagado pela reportagem se a citação era dirigida ao partido de Roseana, foi taxativo: "Cada um que deduza o que quiser." Na semana passada, o PFL usou comerciais na televisão para fazer críticas veladas ao provável candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Estreante no time dos presidenciáveis, Roseana explorou imagens de quebradeiras na Argentina, na tentativa de associar a eventual vitória da oposição à instabilidade econômica e social pela qual passa o país vizinho. Além disso, a governadora disse que o sucessor de Fernando Henrique Cardoso não pode ser "o presidente da república do Maranhão, da república de São Paulo, da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ou do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra)". Para Dirceu, há publicitários ansiosos por "alimentar o ódio no País contra o PT". Na sua opinião, a estratégia "foge da legalidade". Ao culpar o crime organizado pelo assassinato de Celso Daniel, coordenador do programa de governo petista para a Presidência, o deputado afirmou que a simples existência de sua legenda é "a garantia" de que o Brasil não enfrentará crise semelhante à da Argentina, caso chegue ao poder. "O PT é o partido da paz, que resolve os problemas do ponto de vista institucional", argumentou o deputado. Depois de perder dois prefeitos assassinados em apenas quatro meses e dez dias - além de Celso Daniel, houve a morte de Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, em Campinas - a cúpula do partido endureceu o discurso. Mais: pôs a insegurança pública no centro dos debates de campanha, atacando também o governo federal e o de São Paulo, ambos comandados pelo PSDB. O coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, discorda da opinião de alguns integrantes do PT de que o crime contra Celso Daniel tenha sido planejado. "Isso é marginalidade social", definiu o coordenador. De qualquer forma, Stédile notou que a propaganda do partido de Roseana, da maneira como foi levada ao ar, "ajudou o Poder Judiciário e o aparato policial a tratarem os casos de repressão aos movimentos sociais e ao PT com parcialidade".
José Dirceu diz que PFL instiga ódio contra PT
Arquivado em:
Segunda, 21 de Janeiro de 2002 às 21:43, por: CdB