Rio de Janeiro, 14 de Setembro de 2025

Jeremy Corbyn empolga trabalhistas britânicos enquanto conservadores se fragmentam

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Sábado, 21 de Outubro de 2017 às 14:55, por: CdB

Esse modelo old school se chama Jeremy Corbyn. Ainda uns tempos atrás, ninguém dava nada por ele. Hoje esse veterano de 68 anos tem chances reais de se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.

 

Por Redação, com Alexandre Schossler/Coluna Zeitgeist/DW - de Londres

 

Com uma agenda socialista de raiz, veterano de 68 anos consegue empolgar Partido Trabalhista e tem chances reais de chegar ao poder. Mas história da ascensão de Corbyn é também a da divisão dos conservadores.

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Jeremy Corbyn tem chances reais de se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido

A empolgação era grande durante o congresso anual do Partido Trabalhista britânico em Brighton, no sul da Inglaterra, no fim de setembro. Animada, a massa gritava o nome de seu novo ídolo ao ritmo do refrão de Seven Nation Army, da banda White Stripes. O que se via em Brighton beirava o culto. E, assim como aconteceu com Bernie Sanders e o Partido Democrata nos Estados Unidos, um socialista da velha guarda, com ideias dos tempos em que o socialismo ainda valia o seu nome, era o centro da festa e atraía sobretudo os jovens.

Chávez e Putin

Esse modelo old school se chama Jeremy Corbyn. Ainda uns tempos atrás, ninguém dava nada por ele. Hoje esse veterano de 68 anos tem chances reais de se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido. Nas pesquisas, o Partido Trabalhista tem 43% contra 39% dos conservadores. Na liderança dele, o partido saltou de 400 mil para quase 600 mil filiados.

E Corbyn conseguiu isso com uma agenda política que parece saída de 1968 e causa arrepios entre os liberais e conservadores. Ele quer a estatização de bancos, da água e da luz. Mais impostos para os ricos e o fim das mensalidades nas universidades. Ele odeia os EUA e simpatiza com Chávez e Putin. Já defendeu o Reino Unido fora da Otan e sem armas nucleares.

— Nós somos o mainstream político e estamos prontos para o governo — bradou, para o delírio do seu público.

Brexit

A história da ascensão de Corbyn é também a do declínio de Theresa May. Na mesma dimensão em que o Partido Trabalhista está fechado atrás de seu líder, os torys se digladiam entre si e se afastam de May. Desprezada, ironizada e enfraquecida, ela se tornou uma dead woman walking, como definiu o ex-ministro das Finanças George Osborne.

Colaborou para essa situação a decisão de May, extremamente controversa do partido, de convocar as eleições antecipadas de junho. Para Corbyn, elas foram um presente que caiu do céu. O Partido Trabalhista obteve 30 novos mandatos, os conservadores perderam a maioria. Desde então, nada mais dá certo para May.

E essa situação tem profundas consequências para o Reino Unido. O Brexit é o principal evento político do país em décadas. As negociações em Bruxelas são duras e seriam difíceis até mesmo para um governo forte, o que o de May está muito longe de ser.

Silêncio estratégico

Corbyn, aliás, mantém um silêncio estratégico sobre o Brexit. O tema tem grande potencial para dividir os trabalhistas, que se firmaram como a principal força contra a saída do Reino Unido. Porém, para um socialista-raiz como Corbyn, a União Europeia é um clube exclusivo de neoliberais ricos que tem por objetivo manter os neoliberais ricos.

O que Corbyn faz, neste momento, é esperar. Ele navega na onda da simpatia pelas suas ideias e do enfraquecimento do governo May. Se novas eleições acontecerem, e isso não é nada improvável, tem boas chances de ser o próximo primeiro-ministro.

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