Os bombardeios se intensificaram apesar dos apelos do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para que Israel evite uma catástrofe humanitária.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Jerusalém
O exército israelense intensificou os ataques contra a região norte de Gaza neste sábado. A ofensiva foi iniciada após o término do prazo imposto pelo governo de Israel para que a população deixasse suas casas até as 16h, no horário local (10h de Brasília).

Incialmente, o prazo anunciado por Tel Aviv se encerraria às 18h de sexta-feira (0h00 de sábado, horário local). No entanto, o governo israelense ampliou esse tempo em mais algumas horas.
Os bombardeios se intensificaram apesar dos apelos do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para que Israel evite uma catástrofe humanitária. “Transferir mais de 1 milhão de pessoas através de uma zona de guerra densamente povoada para um local sem comida, água ou alojamento, quando todo o território está sob cerco, é extremamente perigoso e, em alguns casos, simplesmente impossível”, disse ele.
A relatora especial da ONU para os direitos humanos de refugiados internos, Paula Gaviria Betancur, também ressaltou que o deslocamento é inconcebível. “As transferências forçadas de populações constituem um crime contra a humanidade e a punição coletiva é proibida pelo direito humanitário internacional”, divulgou ela em um comunicado.
De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) em Gaza, um milhão de pessoas já tiveram de deixar suas casas na Faixa de Gaza desde o início dos bombardeios de Israel ao território. No entanto, ainda há famílias palestinas que tentam se deslocar para o sul.
A maioria da população palestina não tem para onde ir, já que a única saída por terra de Gaza, pela fronteira sul com o Egito, é fechada a cidadãos palestinos. O local não dispõe também de abrigos e bunkers. Neste sábado, Israel e Egito haviam concordado em abrir a passagem, porém apenas para a saída de cidadãos estrangeiros. Essa saída deve permitir que o grupo de brasileiros em Gaza, por exemplo, deixe a região. Mas palestinos que não têm uma segunda nacionalidade não poderão cruzar a fronteira, segundo o acordo em negociação, intermediado pelos EUA.
Processo de evacuação
O período de evacuação na região norte da Faixa de Gaza foi de caos. Logo depois do aviso inicial, grupos inteiros passaram a ser vistos nas ruas e estradas tentando uma saída. Com malas, trouxas, colchões e até animais, as pessoas se deslocam em veículos motorizados em péssimas condições, carroças, bicicletas e a pé.
– Esqueça a comida, esqueça a eletricidade, esqueça o combustível. A única preocupação agora é se você vai conseguir, se vai sobreviver – disse Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho, braço da Cruz Vermelha nos países muçulmanos à rede de notícias Al Jazeera. Segundo a agência, ele estava aos prantos na mensagem.