Muitos iraquianos saíram às ruas, nesta quarta-feira, para comemorar a notícia de que Saddam Hussein será executado em janeiro do ano que vem. Muitos, porém, acreditam que o enforcamento do ex-ditador causará ainda mais a violência entre xiitas e sunitas. Um tribunal de apelações manteve, nesta terça, a sentença de morte contra o Saddam, pelo assassinato de 148 xiitas na aldeia de Dujail, em 1982, o que foi considerado crime contra a humanidade.
- Trata-se de uma sentença justa, porque Saddam oprimiu o povo iraquiano, mas acho que vem na hora errada, porque estamos atravessando um ciclo de violência - disse Mohammed Nasir, morador de Bagdá à agência inglesa de notícias Reuters.
O comerciante Edward Iskander, 37 anos, concorda.
- Só espero que o deixem morrer naturalmente, porque se o executarmos seus seguidores vão causar confusão - disse ele ao abrir sua pequena mercearia no bairro de Karrada, centro de Bagdá.
Alguns temem que os seguidores de Saddam, parte da insurgência promovida pela minoria sunita, possam produzir um banho de sangue caso ele seja executado. Outros afirmam que sua morte acabará com as esperanças e com a motivação de seus simpatizantes.
- Acho que sua morte vai acabar com a violência dos sunitas, e eles serão forçados a negociar pela reconciliação. Precisamos desesperadamente virar essa página na história - disse o universitário Akram Salman, 21 anos.
Xiitas e curdos, principais vítimas dos 24 anos de regime de Saddam, querem apressar a execução, mas parte da minoria sunita, que tinha privilégios naquela época, ainda sonha com seu retorno. Não houve nem festa, nem protesto nas ruas por causa da confirmação da sentença de 5 de novembro, o que já era amplamente esperado. Os jornais incluíram a decisão, anunciada na terça-feira à noite, em suas edições, mas sem dedicar editoriais ao assunto.