A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, nesta terça-feira, balanço no qual informa que mais de 34 mil civis iraquianos foram mortos no ano passado, embora o número tenha começado a cair nos últimos dois meses em relação a setembro e outubro. Gianni Magazzeni, diretor de direitos humanos da ONU no Iraque, disse em entrevista coletiva que 34.452 civis foram mortos e mais de 36 mil ficaram feridos em 2006.
Ele acusou o governo de não garantir a segurança e atribuiu parte da violência a milícias cúmplices ou infiltradas nas forças policiais e militares. As cifras são muito superiores a qualquer número divulgado por autoridades iraquianas. O último relatório bimestral da ONU foi considerado exagerado pelo governo do Iraque, que proibiu seus funcionários de divulgarem números de mortos pela violência. Mas mesmo os dados oficiais do governo iraquiano indicam que houve um dramático aumento no número de vítimas da guerra em 2006, especialmente em Bagdá.
- O foco deste relatório é realmente a necessidade do governo ampliar sua ação a respeito do Estado de direito. Os órgãos de policiamento não fornecem proteção efetiva à população do Iraque - afirmou Magazzeni.
De acordo com o novo relatório da ONU, baseado em dados de hospitais (compilados pelo Ministério da Saúde) e do IML de Bagdá, 6.376 civis foram mortos em novembro e dezembro, segundo o funcionário. Houve uma taxa de 105 mortos por dia em todo o Iraque, 15 a menos que a média de setembro e outubro, quando houve um total de 7.054 mortos. Dos 4.731 mortos em Bagdá no último semestre, a maioria foi vítima de tiros, o que indica uma atuação mais grave das milícias sectárias do que os carros-bomba que também são comuns na capital.
Uma fonte do IML de Bagdá violou a proibição do governo de divulgar dados e disse nesta semana que o necrotério recebeu cerca de 16 mil cadáveres em 2006, dos quais mais de 80% vítimas de violência. Fontes do Ministério do Interior disseram neste mês que mais de 12 mil civis já foram mortos em atos "terroristas", mas não deram cifras sobre outras mortes violentas. O jornal The Washington Post ouviu na semana passada de uma fonte do ministério iraquiano da Saúde que mais de 23 mil civis e policiais foram mortos em 2006. Descontando os policiais e incluindo as mortes registradas no necrotério de Badgá, chega-se a um número muito parecido com o da ONU.