O Parlamento iraniano aprovou, nesta quarta-feira, uma lei que obriga o governo a rever sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU), em reação à imposição de sanções da organização contra o programa nuclear do país, no sábado.
"O governo fica obrigado a revisar seu nível de cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)", diz o texto da lei, lido em voz alta durante a sessão parlamentar transmitida ao vivo pela rádio pública.
A nova lei também obriga o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad a "acelerar as atividades nucleares do Irã", o que contraria os apelos do Conselho de Segurança para que o Irã suspenda seu programa de enriquecimento de urânio, que o Ocidente teme ter como objetivo a produção de armas atômicas. Segundo Teerã, todo o programa nuclear é voltado apenas para a geração de eletricidade com fins civis.
O projeto recebeu urgência máxima para ser votado e teve o apoio de 167 dos 207 deputados presentes, de um total de 290 parlamentares. O Conselho Guardião, entidade conservadora à qual cabe referendar as decisões oficiais, aprovou prontamente o projeto. O vice-presidente do Parlamento, Mohammad Reza Bahonar, disse ter sido a primeira vez desde a Revolução Islâmica, em 1979, que uma lei foi aprovada pelo conselho em apenas 5 minutos.
O projeto não chega a proibir as inspeções de instalações atômicas pela ONU, como queriam alguns políticos. Gholamali Haddadadel, presidente do Parlamento, disse que "a lei é um alerta para que o governo não coloque o destino do Irã totalmente nas mãos da AIEA e reaja proporcionalmente às pressões impostas". Uma das possibilidades, segundo ele, seria que o Irã abandonasse o Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Analistas dizem que o Parlamento, dominado por conservadores, quis passar ao mundo o recado de que os mais radicais podem ter influência decisiva sobre o governo. Ahmadinejad disse no fim de semana que a resolução da ONU é "um pedaço de papel rasgado", cujos defensores em breve se arrependerão do seu "gesto superficial".