Entre 1942 e 1945, o país recebeu cerca de 116 mil refugiados poloneses, entre civis e militares. Desses, milhares eram judeus que haviam escapado dos campos de trabalho forçado soviéticos ou da ocupação nazista”, escreveu o geógrafo Elias Jabbour.
Por Redação, com Elias Jabbour – de Taiwan, China
“Durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto o regime nazista promovia o extermínio sistemático de judeus na Europa, o Irã tornou-se um refúgio para milhares de pessoas em fuga”, escreveu neste domingo o professor Elias Marco Khalil Jabbour, assessor do banco do BRICS, no site de notícias Viomundo.

“Entre 1942 e 1945, o país recebeu cerca de 116 mil refugiados poloneses, entre civis e militares. Desses, milhares eram judeus que haviam escapado dos campos de trabalho forçado soviéticos ou da ocupação nazista.
“A entrada desses refugiados no Irã foi resultado de um acordo entre o governo britânico e a União Soviética, que, após a invasão do Irã em 1941, passaram a controlar o território iraniano.
Muçulmano
“O xá Reza Pahlavi havia sido forçado a abdicar, e seu filho Mohammad Reza Pahlavi assumira sob tutela das potências aliadas. Apesar da ocupação, a população iraniana, em especial nas cidades de Teerã, Isfahan e Ahvaz, acolheu os recém-chegados com hospitalidade.
“Grupos judeus foram especialmente bem recebidos pelas comunidades judaicas locais, que já viviam no Irã havia séculos.
“Isfahan ficou conhecida como “a cidade das crianças”, pois abrigou centenas de órfãos judeus poloneses, muitos dos quais foram integrados à vida cultural e escolar do país. Esses jovens, protegidos da perseguição nazista, encontraram no Irã não apenas segurança, mas também acesso à educação, cuidados médicos e uma chance de recomeçar.
“Embora o Irã fosse um país muçulmano e o mundo estivesse dividido por conflitos e tensões ideológicas, o episódio demonstra que alianças humanitárias e gestos de solidariedade foram possíveis. A história dos judeus refugiados no Irã é pouco conhecida, mas segue como um exemplo de acolhimento em meio à barbárie”, escreveu o geógrafo, professor universitário e escritor brasileiro, presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), catedrático da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP).
Sionismo
Entre os países de religião islâmica, o Irã é o que possui a maior comunidade judaica, hoje com cerca de 25 mil integrantes. O líder da Revolução Islâmica, aiatolá Khomeini, expediu decreto religioso que prevê o respeito às minorias religiosas. Os judeus podem manter suas tradições.
Mas são proibidos de ter contato com Israel, sob ameaça de pena de morte por “sionismo”. O movimento sionista defende o estabelecimento de um Estado judeu (Israel) na antiga Palestina. Para o ideário da Revolução Iraniana, o sionismo representa a ocupação da Palestina por “”uma força estrangeira”.
O hebraico, língua oficial em Israel e utilizada nas rezas pelos judeus, é mal visto pelas autoridades iranianas, que o consideram um símbolo sionista. Seu uso só é permitido em aulas de religião. Em Teerã, em 1998, havia 11 sinagogas em funcionamento. As crianças frequentam escolas públicas de orientação judaica.