Demonstram uma espécie de raciocínio imediatista e sem visão de profundidade para o futuro - contariam com Papai Noel para o fim de ano? Não se apercebem que contratos tem seu prazo.
Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro
Não dá para calar diante da formidável demonstração de individualismo que estamos assistindo por dirigentes de um partido que se diz voltado ao poder popular, pois, coletivo. Já tem chamado a atenção de todos a posição egoísta de sindicatos que 'fecham' acordos para amenizar efeitos da lei desumana sobre os trabalhadores.
Demonstram uma espécie de raciocínio imediatista e sem visão de profundidade para o futuro - contariam com Papai Noel para o fim de ano? Não se apercebem que contratos tem seu prazo e que, passado, valerá inexoravelmente a lei? Deixam de dar contribuição ao bem comum, que seria a formação de real força do trabalho e que poderia ter condição para fazer frente a agressividade da lei com o esforço de todos.
A opção de acordo separado em cada segmento faz rir à fiesp e demais executores-beneficiários da lei escravagista. Podem se escusar de não se comporem com o todo face a premência de dar solução a dissídio iminente. Pode ser, mas não tira seu desdém pela luta comum que não pode ser desmerecida. Mas, e outro segmento mais representativo da ideologia socialista, que prega por doutrina a aplicação dos princípios do socialismo ou comunismo ou mais posições a favor do sociedade mais justa?
Biografia
Cria revolta a cada um que mantém simpatia pelo mesmo ideal de bem comum a posição do certo partido de esquerda . Como é que um partido que se diz ligado a causa que agrega o proletariado e os idealistas de uma sociedade harmônica, movida pelo trabalho e dignidade, pode estar desagregando, despedaçando a causa comum? Não há a desculpa de iminência, pelo contrário, os partidos tem de pensar em programações de longa duração e efeitos mais longos ainda.
A precipitação do PC do B em apresentar candidatura própria em plena crise política, de indefinição até quanto a realização de pleito eleitoral, atenta à inteligência. É uma posição a favor da comunhão de uma esquerda ou não? A militante apresentada como candidata pode ter méritos, pode ter biografia admirável, mas é como uma pérola dada aos porcos.
A direita se regozija com a falta de percepção e visão do partido. A única força que tem dado esperança de vir à disputa com possibilidade de reversão do quadro tétrico está aos olhos de todos. É por sua aceitação inconteste, medida em todas as pesquisas: a figura de Lula. E vem o partido abrir uma dissidência voluntaria e gratuita para trair a causa comum?
Reflexão
De que vale colocar uma flor no vaso de uma casa que esta se incendiando? Que tipo de viés individualista predomina nos dirigentes que quebram esperanças e talvez única opção de reverter a ofensiva da direita que está claramente contra todos os trabalhadores do país ? Onde ha nessa atitude uma vusao de luta coletiva? Tirar proveito de passar pelo acostamento na via que todos trilham é quase um desaforo aos que a usam visando ao final vitorioso.
Esta crítica tem a expectativa de clamar por uma revisão desse lançamento precoce de candidata que está perdendo e desperdiçando meios que podem faltar à causa maior que é a realização de um governo voltado às causas de recomposição social, sabotadas sem piedade pelos capitalistas associados aos EUA que vemos como o dedo que pôs fogo em nossa causa. É tempo e hora de reflexão e principalmente usar todo o conhecimento histórico sobre estratégias que, como essa, só beneficiam o inimigo.
Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil.