Rio de Janeiro, 17 de Setembro de 2025

Inflação perde força e chega a níveis anteriores ao Plano Real

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Quarta, 06 de Setembro de 2017 às 11:46, por: CdB

O índice foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial de inflação para este ano, de 4,5% com margem de 1,5 ponto percentual. Os dados constam de relatório divulgado nesta quarta-feira, na sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da menor taxa para o mês desde 2010 (+0,04%).

 

Por Redação - do Rio de Janeiro

 

A inflação oficial desacelerou em agosto e ficou abaixo do esperado diante da forte queda dos preços dos alimentos. Acumula, assim, alta inferior a 2,5% em 12 meses, um nível anterior à última década do século passado. Mantém, assim, aberto o caminho para que o Banco Central (BC) prossiga reduzindo os juros básicos mesmo diante de sinais de retomada da economia.

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Os produtos alimentícios contribuíram para a queda nos índices de inflação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,19% em agosto, contra avanço de 0,24% em julho. Os dados constam de relatório divulgado nesta quarta-feira, na sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da menor taxa para o mês desde 2010 (+0,04%).

Nos 12 meses até agosto, o IPCA subiu 2,46%, patamar mais fraco desde fevereiro de 1999 (2,24%). Abaixo dos 2,71% vistos até julho. Assim, o índice foi ainda mais abaixo do piso da meta oficial de inflação para este ano, de 4,5% com margem de 1,5 ponto percentual.

Alimentos

Pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,31% em agosto, acumulando em 12 meses avanço de 2,60%. O resultado final ficou abaixo até mesmo das estimativas mais baixas no levantamento.

O IBGE informou que os preços dos alimentos recuaram pelo quarto mês seguido em agosto, a 1,07%; contra queda de 0,47% em julho. O movimento deveu-se ao início da colheita da boa safra agrícola no país, com destaque para feijão-carioca (-14,86%), tomate (-13,85%), açúcar cristal (-5,90%) e leite longa vida (-4,26%).

— A safra e a demanda menor estão contendo a inflação. Os alimentos reúnem 153 itens, sendo que 100 estão em queda e muitos de peso relevante na mesa dos trabalhadores — explicou o gerente do IBGE para o IPCA Fernando Gonçalves.

Combustíveis

O resultado do grupo Alimentação e Bebidas compensou em boa parte a alta de 1,53% de Transportes no mês, provocada principalmente pelo aumento de 6,67% nos preços dos combustíveis. O IBGE explicou que, dentro do período de coleta do IPCA do mês passado, foram anunciados 19 reajustes de preços da gasolina dentro da nova política da Petrobras.

A inflação fraca foi um dos fatores que ajudaram a impulsionar a economia no segundo trimestre, em cenário de desemprego caindo mais rápido do que o esperado.

— A desaceleração da inflação ajuda a retomar o padrão de vida da população. Com o fim do efeito do FGTS na economia, a inflação e os juros mais baixos oferecem perspectiva de que o consumo pode melhorar — afirmou o economista-sênior do banco Haitong, Flávio Serrano.

Selic

Apesar dos sinais de melhora econômica, a pressão inflacionária contida favorece a manutenção do ritmo forte de corte de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC que termina nesta noite, e abre ainda mais espaço para Selic mais baixa ao final desse ciclo de afrouxamento monetário.

— Ajuda a reforçar um cenário de Selic ainda menor este ano. Com os números recentes, o BC pode levar os juros para mais próximo de 7%, ainda que tenha que voltar a elevá-los no ano que vem — avaliou o economista da Votorantim Corretora Carlos Lopes, que vai reduzir sua projeção de Selic de 8% este ano.

A expectativa em geral é de mais um corte de 1 ponto percentual, o quarto dessa magnitude, na reunião do BC desta quarta-feira, levando a Selic para 8,25%.

Outro índice

Já o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) voltou a subir em agosto. O movimento ocorre após cinco meses de queda diante do avanço dos preços no atacado. Os dados também foram divulgados nesta quarta-feira, mas pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O IGP-DI registrou alta de 0,24% no mês passado, contra deflação de 0,30% em julho. O resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,17%. Os preços no atacado mostraram maior pressão uma vez que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) fechou o mês com alta de 0,26%, após queda de 0,67% em julho. O índice responde por 60% do IGP-DI.

As Matérias-Primas Brutas aceleraram a alta a 1,21%, ante avanço de 0,42% antes; com destaque para os movimentos do minério de ferro, dos bovinos e do milho. Já os preços dos Bens Intermediários passaram a subir 0,17%, contra queda de 0,80% em julho. O principal responsável foi o subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção.

Habitação

Para os consumidores a alta dos preços diminuiu a pressão, já que o avanço do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) desacelerou a 0,13% em agosto, sobre 0,38% no período anterior. O IPC-DI corresponde a 30% do IGP-DI. A principal contribuição para esse resultado veio do grupo Habitação, que desacelerou a alta a 0,23%, ante 1,15% antes; com destaque para o comportamento do item tarifa de eletricidade residencial.

Por sua vez, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) avançou 0,36% no período. Variou sobre alta de 0,30% em julho. O INCC representa 10% do IGP-DI.

O IGP-DI é usado como referência para correções de preços e valores contratuais. Também é diretamente empregado no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e das contas nacionais em geral.

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