Ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira, a recomendação de técnicos da pasta para o acompanhamento diário do mercado de energia para, se os preços do álcool subirem "de forma descontrolada", o Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) seja convocado a rever o percentual do combustível misturado à gasolina, atualmente em 23%.
- Se os preços crescerem excessivamente, obviamente o governo não ficará passivo - disse Guedes.
Ele garantiu que não há justificativa para aumentos substanciais do preço do álcool, mas não informou a partir de qual preço o governo mudará a mistura. Os produtores de álcool esperavam que o governo elevasse o percentual misturado à gasolina para 25% agora em janeiro, o que foi descartado pelo ministro, em entrevista a jornalistas, nesta sexta, diante da recente alta dos preços do combustível.
Apesar dos aumentos registrados desde dezembro, porém, Guedes avaliou que o preço de R$ 0,865 na usina, para o álcool hidratado, ainda está abaixo do registrado no mesmo período de 2005. O ministro afirmou que a variação nesta época do ano é natural, diante do aumento da demanda. A entressafra na região Centro-Sul ocorre de dezembro a abril.
Segundo Guedes, em dezembro a demanda, que cresce normalmente 10% no período, chegou a subir mais de 13% em relação ao ano anterior por causa do aumento da frota de veículos multicombustíveis (flex fuel), às férias escolares e à crise nos aeroportos. Para o ministro, os estoques de aproximadamente 5,2 bilhões de litros, hoje, são suficientes para abastecer o mercado, que consome de 1 bilhão a 1,1 bilhão de litros por mês, até o início da próxima safra, entre meados de abril e início de maio.
Em São Paulo, maior consumidor de álcool do país, o aumento da demanda se explica porque o preço do produto é o equivalente a 53% do da gasolina, o que torna o álcool "extremamente favorável" na região, diz o ministro. Ainda que a situação do setor seja apresentada como normal por Guedes, o presidente Lula também conversou sobre o assunto, nesta sexta-feira, com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.