O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), recuou e propôs nesta sexta-feira aos servidores estaduais em greve o pagamento, em oito dias, do reajuste salarial concedido em abril de 2006 por seu antecessor, Luis Abílio (PDT), e suspenso por meio de decreto, no dia 15 de janeiro. Os servidores, porém, não aceitaram o acordo e mantiveram a paralisação.
Os grevistas avaliam que a proposta não restaura plenamente os reajustes concedidos por Abílio. A isonomia salarial conquistada pelos professores de nível universitário, dizem, não seria efetivada de imediato. Além disso, afirmam, o decreto não seria revogado e poderia ser utilizado futuramente pelo governo como ferramenta para uma nova redução salarial.
Em entrevista coletiva, o governador confirmou a proposta de pagamento parcial do reajuste aos docentes e a manutenção do decreto.
- Infelizmente, não conseguimos a totalidade (do aumento) para os professores -, afirmou Vilela Filho.
Para isso, disse serem necessário mais R$ 12 milhões por mês, dinheiro que afirma não existir no governo. Ele pediu um prazo de 30 dias aos grevistas para tentar encontrar uma solução para o caso. Mas os servidores recusaram por temer um possível esvaziamento e a divisão do movimento nesse período.
Segundo ele, o governo só terá condições de cumprir o que foi proposto neste mês porque conseguiu fechar uma operação de antecipação de receita com o setor sucroalcooleiro, a Petrobras e a indústria petroquímica Braskan. O valor não foi divulgado.
Vilela Filho responsabilizou o ex-governador Ronaldo Lessa (de 1999 a março de 2006), do PDT, pela crise econômica do Estado. Disse que os aumentos concedidos pelo ex-governador na verdade, assinados por Abílio, que era vice de Lessa e assumiu o governo em 1º de abril do ano passado infringiram a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita em 46,5% da arrecadação o percentual de gastos com os salários dos servidores estaduais.
Os grevistas, que montaram sua base na sede da Secretaria Estadual da Fazenda, invadida por eles ontem, afirmaram que responderão "à altura" a uma eventual "radicalização" do governo.
- Temos planos de invadir mais três prédios -, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas, Carlos Jorge da Rocha.
Policiais civis em greve contra o cancelamento do reajuste salarial dos servidores, determinado pelo governo de Alagoas, controlam a entrada e saída de pessoas na sede da Secretaria Estadual da Fazenda, invadida ontem pelos manifestantes. Apenas grevistas e jornalistas têm acesso ao local.
Os dez andares do prédio localizado a cem metros do Palácio dos Martírios, sede do governo estadual foram tomados pelos servidores, que dormem em colchões espalhados no chão.
Governador recua, mas servidores mantém a paralisação
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Sexta, 19 de Janeiro de 2007 às 19:55, por: CdB