Rio de Janeiro, 14 de Setembro de 2025

Globo assassinou Marielle pela segunda vez

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Sexta, 16 de Março de 2018 às 12:55, por: CdB

Mostraram Marielle como uma pessoa que luta por uma paz abstrata, sem contexto histórico e dimensão simbólica. A multidão que estava nas ruas foi apresentada pela Globo como aglomerado de pessoas pacíficas.

 

Por Gilson Caroni Filho — do Rio de Janeiro

 

As emissoras do Grupo Globo deram ampla cobertura às manifestações de protesto contra a execução da vereadora Marielle. Mas não pensem que foi uma guinada.

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o assassinato da vereadora Marielle Franco foi distorcido na versão da Globo

A linha editorial era clara: tratar a morte da mulher negra, esquerdista e combativa como “mais uma” na sequência da barbárie que assola o país. A narrativa espetacular buscava esvaziar os conteúdos étnicos, políticos e de classe que pautaram a vida de Marielle.

Mostraram-na como uma pessoa que luta por uma paz abstrata, sem contexto histórico e dimensão simbólica. A multidão que estava nas ruas foi apresentada como aglomerado de pessoas pacíficas; cansadas de tanto sofrimento e que apoiam a intervenção federal.

Frases de efeito

O jogo de espelhos da família Marinho continua operando para ocultar a realidade. As favelas não precisam de textos supostamente líricos. A poesia que nelas habita é feita de massacres, de resistência; de lideranças que são executadas e de uma produção cultural que mídia hegemônica não mostra.

Marielle, a mulher firme que se opunha ao golpe, foi diluída em um personagem estranho a ela mesma. Com pompas e frases de efeito, foi assassinada pela segunda vez.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia da Facha (RJ) e escreve para o Correio do Brasil.

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