Geddel atuou na liberação de empréstimos em troca de propina, segundo as investigações. Os negócios ocorreram entre 2011 e 2013 e teria beneficiado a JBS.
Por Redação - de Brasília
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o ex-deputado e homem de confiança do presidente de facto, Michel Temer, é hoje uma sombra do que já ostentou um dia. O mesmo político baiano, de alto calado, que vendeu por R$ 700 mil, em 2012, um avião para a J&F — holding que reúne negócios de Joesley e Wesley Batista e controla a JBS — agora bate boca com um dos executivos da companhia, de dentro de sua cela. Ambos estão presos na mesma ala do Presídio da Papuda, no entorno do Distrito Federal
A Polícia Federal (PF) descobriu, nesta quinta-feira, que o negócio foi realizado no período em que Geddel ocupava a Vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. Era ele que liberava empréstimos para empresas; incluindo as companhias da J&F.
Segundo investigações da força-tarefa da PF e do Ministério Público Federal (MPF), Geddel atuou na liberação de empréstimos em troca de propina, segundo as investigações. Os negócios ocorreram entre 2011 e 2013 e teria beneficiado a JBS.
Doleiro
O ex-parlamentar, que ocupou a Secretaria de Governo de Temer foi preso preventivamente no dia 8 de setembro. Apenas três dias após a Polícia Federal encontrar R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador que teria sido emprestado ao peemedebista.
A venda do avião não é a única ligação entre Geddel e J&F. Ele é dono de fazendas na região de Itapetinga (BA) e vende gado para a JBS, que tem um frigorífico na cidade. Ele costumava tratar dos negócios com o executivo da J&F Ricardo Saud, um dos delatores presos após descobertas fitas gravadas com declarações dele e Joesley Batista, na qual confessavam crimes cometidos contra o patrimônio público.
Presos na Papuda, Geddel e Saud andam se estranhando, conforme apurou um dos diários conservadores paulistanos. Antes, amigos fraternos, hoje, desafetos declarados, Geddel, o doleiro Lúcio Funaro e Ricardo Saud teriam protagonizado uma discussão em altos brados na cadeia.
Desafeto
Relatos de carcereiros revelaram que, enquanto Funaro aguardava o fim do banho de sol, pouco antes de voltar para a cela, gritou para Saud:
— Vou te matar, seu (…).
Ao ouvir o ex-parceiro gritando contra seu desafeto, Geddel emendou:
— Saud, seu canalha, também vou te matar.
‘Peppa Pig’
Geddel, que tem o apelido de ‘suíno’, ou ‘Peppa Pig’; por sua compleição física atarracada, porém, não conseguiu impressionar o executivo Ricardo Saud. Este devolveu, na mesma moeda:
— Cala boca, seu gordo!
O três estão separados por apenas alguns corredotes e não podem tomar banho de sol juntos. A PF quer evitar que cheguem às vias de fato. Mesmo a visita de advogados tem cumprido um certo revezamento, para que não se encontrem em áreas comuns do presídio.
Procurados pela reportagem do Correio do Brasil, o advogado de Saud, Antônio Carlos Almeida Castro, preferiu não comentar. Os defensores dos demais não retornaram às ligações do CdB.