Rio de Janeiro, 27 de Julho de 2025

Garimpo ilegal triplicou área desmatada na Amazônia Legal

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Sábado, 28 de Janeiro de 2023 às 12:39, por: CdB

Pelo cálculo do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), as comunidades Yanomâmi terminaram os anos de 2020 e 2021 com 920 e 1.556 hectares de floresta a menos. A Hutukara, por sua vez, avalia que as perdas foram, respectivamente, de 2.126,64 e 3.272,09 hectares.

Por Redação, com BdF - de Brasília
No intervalo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022, o desmatamento resultante do garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomâmi aumentou 309%, de acordo com levantamento elaborado pela Hutukara Associação Yanomâmi. Em dezembro de 2022, último mês do governo de Jair Bolsonaro, a área devastada era de 5.053,82 hectares, ante 1.236 hectares detectados no início do monitoramento.
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Os povos indígenas são atingidos, diretamente, pelos danos ambientais causados pelo garimpo ilegal
Pelo cálculo do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), as comunidades Yanomâmi terminaram os anos de 2020 e 2021 com 920 e 1.556 hectares de floresta a menos. A Hutukara, por sua vez, avalia que as perdas foram, respectivamente, de 2.126,64 e 3.272,09 hectares. Assim o Instituto Socioambiental (ISA) estabeleceu um comparativo com os números coletados pela equipe do MapBiomas, constatando uma curva maior de crescimento no período. A diferença se deve à qualidade dos equipamentos utilizados.

Denúncias

Enquanto o satélite usado pelo MapBiomas, o Landsat, processa dados com inteligência artificial, o sistema da Hutukara tem alta resolução espacial, o que permite maior precisão e a cobertura de perímetros que, por vezes, deixam de ser captados. Outro fator destacado pelo ISA é a alta frequência de visitas à Terra Indígena, por parte da associação representativa dos yanomâmi, o que influencia no trabalho de acompanhamento e registro. De acordo com o presidente da Urihi Associação Yanomâmi, Junior Yanomâmi, o problema do garimpo ultrapassa a questão ambiental. Para ele, é a raiz de outras consequências, como o bloqueio ao atendimento de saúde. Há algumas semanas, a TI Yanomâmi tornou-se centro das atenções da imprensa e do governo federal, com a difusão de denúncias sobre a condição de saúde da população local. Fotografias de crianças e adultos yanomâmi têm inundado as redes sociais e impactado os usuários, devido à magreza dos corpos. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), as imagens mostram a omissão do governo Bolsonaro diante de inúmeros apelos ignorados. Além da desnutrição infantil, outra contrariedade já bem conhecida dos yanomâmi é a malária, doença tratável. De acordo com o balanço da Hutukara, somente durante o governo Michel Temer, foram registrados 28.776 casos da doença. Desse total, 9.908 casos correspondem a 2018, e, no ano seguinte, início do governo Bolsonaro, a soma saltou para 18.187. Em 2020, a entidade contabilizou 19.828 casos e, em 2021, 21.883 casos.

Yanomâmi

Para o líder yanomâmi, autoridades de segurança pública são fundamentais enquanto o cerco de garimpeiros aos indígenas e a profissionais de saúde permanece. “Não adianta a gente mandar médicos. Garimpeiros vão intimidar com fuzil, submetralhadora. Exército, Polícia Federal tem que combater forte, punir, responsabilizar essas pessoas que estão destruindo a vida, o rio”, afirma Junior. A crise que afeta as comunidades Yanomâmi levou o governo a decretar estado de emergência para combate à desassistência sanitária na região. No último sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros de Estado visitaram Roraima para acompanhar a situação dos indígenas.
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