A próxima reunião de Cúpula do G-8, o grupo dos oito países mais ricos do mundo, tem mobilizado a articulação de grupos e a discussão de temas correlatos no VII Fórum Social Mundial. De 6 a 8 de junho, representantes dos governos dos EUA, Canadá, Japão, Grã-Bretanha, França, Itália, Alemanha e Rússia marcaram uma reunião em Helingendamm, cidade próxima a Rostock, Alemanha, na região do Mar Báltico.
- Será um encontro relevante, pois além de assumir a presidência do G-8, a Alemanha também estará ocupando a presidência da União Européia - adverte Cláudia Warning, presidente da Associação Alemã de Organizações Não-Governamentais (ONGs) de Desenvolvimento - Association of German Development NGOs (Venro) e diretora da Associação de Igrejas Protestantes (EED) da Alemanha.
As organizações ligadas a Venro propõem, entre outras medidas, o aumento do orçamento dos países ricos para a Assistência Oficial de Desenvolvimento - Official Development Assistence (ODA) destinado aos países pobres, o cancelamento da dívida externa e justiça no comércio global.
- O G-8 insiste na abertura de mercado para atração de investimentos estrangeiros como receita única para o desenvolvimento. Isso não basta. A África do Sul recebe muitos investimentos estrangeiros e continua sendo muito pobre e desigual - argumentou Cláudia em uma das mesas dedicadas ao assunto.
Os países ricos, realçou a ativista indiana Vandana Shiva, não podem se eximir de suas responsabilidades pelos desequilíbrios provocados por esse modelo único de crescimento e desenvolvimento com base na produção industrial não-sustentável e no livre comércio.
- A abertura de mercado imobiliário na Índia apenas abriu as portas para os especuladores tomarem conta do setor - disse.
O posicionamento do deputado da Comissão pela Cooperação Econômica do Parlamento Alemão, Saacha Raabe, durante um dos debates sobre o assunto foi bastante sintomático. Raabe declarou que concorda com a necessidade de aumento de doações (ODA) para os países pobres e com a flagrante incoerência da política de subsídios agrários, mas não se privou de fazer uma ressalva.
- Mas continuo achando que a integração pelo mercado pode ajudar os países pobres - afirmou.
Muitas entidades da sociedade civil, pontuou George Ehusania, secretário da principal entidade que reúne a Igreja Católica na Nigéria, se limitam a exigência de mais controle e transparência.
- Muitas promessas foram feitas em Gleneagles (nos EUA, local da última reunião de Cúpula do G-8 realizada em 2005; naquela ocasião, o primeiro-ministro britanico, Tony Blair, definiu inclusive a iniciativa dos chefes de Estado em Gleneagles como "a esperança de que a pobreza na África poderá ser extinta"). E nada aconteceu. Precisamos de mudanças estruturais. Essa não é a agenda da sociedade civil. Os 8 mil milionários na África continuam aumentando o seu patrimônio e detêm aproximadamente US$ 52 bilhões - completou Ehusania.
Ações
Entidades organizadas no coletivo Block G-8 (Bloqueie o G-8) também participaram de discussões e distribuiram panfletos no FSM 2007. Eles pretendem bloquear o encontro de cúpula com um único objetivo: "Tráfego zero para e de Helingendamm por todas as entradas possíveis".
"Nós não vamos deixar as estradas voluntariamente, porque a nossa ação não pretende se limitar ao simbolismo. Nós queremos real e efetivamente bloquear a Cúpula do G-8 e minar a infra-estrutura de acesso. "Viemos para ficar", promete o panfleto do grupo.
Em complemento ao bloqueio, os manifestantes pretendem organizar dias de ação sobre temas específicos como agricultura e migrações e um concerto de "música e mensagens" dirigidas à reuniao de cúpula, alem de ações contra o militarismo, a guerra, a tortura e "o estado global de exceção". A pequena presença de africanos nos painéis relativos ao tema, porém, revelou um outro problema inescapável para os grupos - majoritariament