Sindicalistas, associações de usuários de sistemas de saúde, feministas e homossexuais vão realizar, de 21 a 23 de janeiro, o 2º Fórum Social Mundial da Saúde. Dois anos após o primeiro encontro, em Porto Alegre, esta reunião será realizada na África, paralelamente ao 7º Fórum Social Mundial.
No continente africano, vive um terço das pessoas portadoras de aids em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Também na região ocorrem 90% das mortes por malária, com 300 milhões de vítimas por ano, e mais de 6% da população vive com hanseníase, somando 690 milhões de pessoas.
- A África revela a grave situação que vivem os povos pobres do mundo - afirma Valdevir Both, do Centro de Educação e Assessoramento Popular e secretário executivo do fórum.
Essa situação fez os organizadores do encontro escolherem o lema África: O Espelho do Mundo. Os participantes querem propor aos organismos internacionais, como a OMS e o Banco Mundial o apoio a serviços públicos, como o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
- Nos planos privados de saúde, quem tem dinheiro, consegue médico. Mas há uma grande parcela das pessoas que fica fora. Enfrentamos um conjunto de problemas no Brasil, mas o SUS é um avanço, porque garante o acesso à saúde a todo e qualquer cidadão, contribuindo ou não - afirma Both.
Outra alternativa que será defendida pelo Fórum Mundial de Saúde é o fim da cobrança pela patente de medicamentos, em caso de epidemias. Para fabricar medicamentos, uma indústria precisa pagar royalties - direito de uso - para a empresa que registrou a patente.
- O patenteamento faz com que algumas empresas internacionais tenham lucros exorbitantes na área da saúde. Mas qual o custo disso para a humanidade? Muitas vezes, as pessoas que não têm dinheiro ficam sem o medicamento - questionou o secretário.
Presença brasileira
Nesta semana, 34 representantes do governo brasileiro viajam para Nairóbi, no Quênia, onde vão apresentar as políticas públicas do país na sétima edição do Fórum Social Mundial, realizado este ano pela primeira vez integralmente na África. São representantes de 11 ministérios, como Saúde, Cidades, Educação e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
O ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, será o chefe da delegação, que vai se juntar a outros cerca de 400 brasileiros esperados para o encontro. Para Luiz Dulci, o Fórum Social tem duas funções para o governo.
- Vamos mostrar nossas experiências, sobretudo de participação dos movimentos sociais na elaboração de políticas públicas. Mas também mostraremos os resultados destas políticas sociais. E vamos também para conhecer as dos outros países que têm, como nós, participação social forte - concluiu.