Na plateia, esvaziada, a primeira sessão comercial do filme Polícia Federal - A Lei é para todos, na sala com capacidade para 208 lugares, havia espaço de sobra. Cerca de 50 pessoas compraram ingresso para assistir ao filme.
Por Redação - de Curitiba
Na terra onde nasceu a Operação Lava Jato e se esperava o maior público pagante para o filme Polícia Federal - A Lei é para todos, produzido por um grupo secreto de investidores, é justamente a capital do país onde as salas ficaram mais vazias ao longo do fim de semana de estreia. No restante do país, os cinemas que exibiram o longa metragem amargaram prejuíxo.
Na plateia, esvaziada, a primeira sessão comercial, na sala 3 do Espaço Itaú (com capacidade para 208 lugares) tinha espaço de sobra. Cerca de 50 pessoas compraram ingresso para assistir ao filme. No Cinesystem do Shoppinhg Curitiba a proporção de ocupação da sala foi idêntica.
Mal chegou aos cinemas, a produção incensada pela mídia conservadora já recebia o primeiro petardo. Segundo o líder do PT, na Câmara, deputado Carlso Zaratini (SP), trata-se de mais uma armadilha contra a legenda. O diretor do filme, Marcelo Antunez, trata de se defender, mas a polêmica está, definitivamente, exposta ao público.
Posição do PT
Para começar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os empresários envolvidos nos esquemas de corrupção investigados na força-tarefa em Curitiba são os únicos a receberem os nomes reais no longa. A decisão serviu para acalorar os ânimos: para partidários do PT uma tentativa de demonizar o ex-presidente tirar-lhe o crédito de uma eventual candidatura em 2018.
— O objetivo é descredibilizar, impedir que ele seja o candidato porque eles (os envolvidos na produção do filme) fazem parte de um projeto que quer acabar com todos os projetos sociais e desenvolvimento no Brasil. São interesses do capital internacional em fazer com que o Brasil recue naquilo que avançou nos últimos 20, 30 anos de história — avalia Zarattini.
Nomes falsos
Os inquéritos foram autorizados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin e seguem sob investigação.
— Evidentemente, eles (os produtores) nunca entraram em contato para pedir a posição do PT — acrescenta.
Para o diretor Marcelo Antunez, no entanto, a decisão em ocultar os nomes dos demais envolvidos na operação foi criativa.
— Conforme fomos avançando nas pesquisas, em cada fase (da Lava Jato) existem um sem número de agentes e delegados e vários deles não trabalham em outros momentos, somem. Tem fase com 50, 60 investigadores e eles não voltam ou só voltam só lá na frente. Do ponto de vista do roteiro, fica impossível contar uma história com tantos personagens — desconversa.
Anonimato
Outro motivo de celeuma nas redes sociais foi o fato dos financiadores do filme permanecerem anônimos. Marcelo diz que foram empresários que, temendo represálias, preferiram "investir" a verba de realização sem terem os nomes citados por medo de represálias. Sobre o possível prejuízo que sofrerão com o fracasso de bilheteria, porém, nem uma palavra.
— Acho a crítica infantil, o povo pensar isso até entendo o motivo, mas certamente quem levanta suspeitas tem outros interesses, de descredibilizar o filme, de levantar suspeitas. É patético. Existem vários outros filmes inclusive polêmicos em que os investidores também resolveram ficar anônimos — afirma Antunez.
Para o cineasta, trata-se de “um tema que divide o Brasil; que é responsável por posições tão acaloradas, por vezes agressiva”.
— Eu entendo perfeitamente a posição deles (os investidores). Posso garantir que não tem empreiteiro ou financiador de campanha. Até acho que seria interessante (mostrar quem financiou). Mas não foi uma decisão nossa e sim de quem coloca dinheiro — acrescenta.
Propaganda
Zarattini, porém, tem uma opinião oposta. Ele não acha que existam partidos envolvidos no dinheiro para a realização do filme, mas sim grupos empresariais que "não têm interesse no PT e Lula governando o país novamente".
— É uma ação política que envolve recursos privados. Não é uma obra de arte, é uma obra de propaganda com o objetivo claro de aumentar a popularidade da Operação Lava Jato — conclui.