Nunca é demais relembrar o que a ciência nos ensina: quando não se reage ao arbítrio em algum momento todos nós seremos vítimas dele, inclusive os que eventualmente praticaram o arbítrio.
Por Eron Bezerra – de Brasília
Moro hoje reclama de que o site The Intercept Brasil divulgou a trama que ele e os procuradores da lava-jato armaram para retirar Lula do pleito e impedir que a chapa Haddad (PT), Manuela (PCdoB) fosse eleita. Não deveria reclamar. Deveria saudar a “liberdade de imprensa”, como fez quando vazou, criminosamente, conversas privadas da presidenta Dilma Rousseff.Qual a punição aos criminosos?
As notícias divulgadas pelo site The Intercept Brasil são iniciais, como eles mesmo fizeram questão de enfatizar. São, digamos assim, a camada superficial do solo. Imaginem o que não tem embaixo. E certamente é isso que apavora Moro e os seus da lava-jato. O fato, além de criminoso, é gravíssimo, revoltante, uma afronta a democracia e a vontade soberana do povo. Exige medidas duras, radicais, iniciando pela condenação dos criminosos e, após trânsito em julgado, a expulsão do serviço público, na medida em que eles, tanto Moro quanto os procuradores da lava-jato, não mais reúnem condições éticas e morais para atuarem no serviço público. Alguns servidores públicos são punidos e afastados de suas funções por 10% dos crimes que Moro e os procuradores da lava-jato cometeram. Crimes, aliás, que em nenhum momento eles sequer ousaram negar. Reclamam apenas de vazamentos e invasões, assuntos nos quais eles são especialistas.A revolta
A revolta popular é compreensível, assim como é gritante o desconforto dos que apoiaram as suas ações, muitos dos quais honestamente motivados pela melhor das intenções. Mas, diante dos fatos revelados, não há mais como sustentar a farsa. A caricatura está exposta, na mais cruenta de suas faces, e é exigida a justa punição para que o crime não seja compensado. Imaginem o nível de justa revolta - podendo descambar para um compreensível ataque de furor, do qual seria tomado alguém que foi eliminado, digamos, de um concurso público e posteriormente constata que isso ocorreu por manipulação da banca examinadora? Imaginem a explosão de ódio que incendiaria uma torcida de futebol ao constatar que seu time foi eliminado do campeonato porque o árbitro e os bandeirinhas estavam combinados com o adversário? E então imaginem qual é o sentimento de 200 milhões de brasileiros que agora acabam de descobrir que nem o ministério público acreditava na denúncia que faria contra Lula; ao constatarem que tudo não passou de uma farsa na qual juiz e procuradores acertavam como proceder e como “arrumar” evidências para incriminar adversários; e, principalmente, de tomarem conhecimento que esse resultado eleitoral que aí está foi uma grande farsa. Eron Bezerra, é professor da UFAM, Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Coordenador Nacional da Questão Amazônica e Indígena do Comitê Central do PCdoB.As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil