Rio de Janeiro, 12 de Setembro de 2025

Extrema direita se organiza para ocupar espaço no Parlamento Europeu

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Segunda, 15 de Janeiro de 2007 às 16:16, por: CdB

A primeira sessão de 2007 do Parlamento Europeu, na noite desta segunda-feira, em de Estrasburgo, traz uma surpresa desagradável: a criação de uma bancada de extrema direita com o nome Identidade, Tradição e Soberania. Com um total de 20 deputados, vindos aqui da França, Itália, Bélgica, Reino Unido, Áustria, como também dos novos Estados-membros da UE, Bulgária e Romênia, a formação do novo grupo tornou-se possível devido justamente à entrada dos dois últimos no bloco europeu.

A criação de uma nova bancada exige um mínimo de 20 deputados provenientes de pelo menos seis países. Cinco deputados do Partido da Grande Romênia e um do Partido Ataque, da Bulgária, deverão ajuntar-se à nova bancada, que, vindo a se concretizar, passará a receber direitos especiais e apoio econômico.

Identidade, Tradição e Soberania

A planejada bancada é composta por diferentes extremistas que só estavam esperando uma chance para a formação de um grupo político. Entre eles, estão seis representantes do Partido da Frente Nacional francês e três do Partido Nacionalista Vlaams flamengo, da Bélgica. Alessandra Mussolini, neta do ex-ditador italiano Benito Mussolini, também deve aderir ao bloco. O líder da nova bancada, indicado pelos demais, é Bruno Gollnisch, secretário-geral do Partido da Frente Nacional, da França. Jean-Marie Le Pen, presidente do partido, e sua filha Marine deverão, igualmente, pertencer à nova representação.

O grupo, denominado Identidade, Tradição e Soberania (ITS), rejeita a imigração, a adesão da Turquia à UE e a adoção de uma Constituição européia. Segundo Bruno Gollnisch, o objetivo é defender os "valores cristãos, a família e a cultura européia".

Tem de tudo

Segundo o deputado europeu Cem Özdemir, do Partido Verde, a nova congregação tem de tudo um pouco, "desde negadores do Holocausto, passando por inimigos do islamismo e dos ciganos da etnia rom, tudo está, praticamente, representado". Martin Schulz, líder do Partido do Social Democrata (SPE) no Parlamento Europeu, comunicou através de seu porta-voz que "uma Internacional dos nacionalistas é uma idéia grotesca".

Uma vez estabelecida a bancada extremista no Parlamento Europeu, o SPE convocará todas as outras bancadas para que, juntos, evitem que os radicais de direita ocupem funções representativas, afirmou Schulz. Hannes Swoboda, vice-presidente da bancada socialista, explicou ainda que, através do apoio econômico, jurídico e logístico que receberia, a criação do ITS "significaria um apoio à propaganda racista e antieuropéia". Para Swoboda, "isto é naturalmente muito ruim, mas é o preço da democracia".

Sem chances

Segundo Guillaume Durand, analista político do Centro de Política Européia (EPC), sediado em Bruxelas, a influência que a nova bancada poderá ter será mínima.

- A pequena quantidade de membros demonstra a fragilidade do grupo. A saída de uma pessoa seria suficiente para seu fim - afirma Durand.

Durand não acredita que a criação da ITS provocará alguma mudança significativa na política européia. O especialista argumenta que radicais de extrema direita sempre estiveram presentes no Parlamento Europeu.

- O Parlamento Europeu é um espelho da política. Em alguns Estados-membros, sabemos da existência de partidos de forte cunho nacionalista. A repercussão deste fato chega agora em nível da União Européia - explica Durand.

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