E a extrema-direita, por pequena margem de votos, conseguiu a Presidência da República da Polônia.
O vencedor Karol Nawrocki é um grande fascista, xenófobo, sionista, antissemita, antilgbt+, anti-aborto total, anti-união europeia, anti-Ucrânia e racista.
O país está completamente dividido, mas o governo continua nas mãos do partido derrotado, sob a liderança do primeiro-ministro Donald Tusk.
Por Ulisses Iarochinski, jornalista, editor do blog Jarochinski do Brasil

Karol Nawrocki foi presidente de uma excrecência chamada Instituto da Memória Nacional, que logo que o partido dele assumiu o governo pela primeira vez, em 2005, começou a perseguir professores nas universidades, que no passado eram de alguma forma, mesmo remota, ao partido comunista polaco. A instituição forçou a presidência e o governo dos gêmeos Kaczyński a demitir todos os intelectuais e funcionários públicos que não se enquadravam no espectro fascista.
E começaram uma campanha para destruir a imagem de Lech Wałęsa. Quiseram provar que o prêmio Nobel tinha sido agente infiltrado da KGB russa. Dissertações e teses nas universidade com professores de história alinhados com o Instituto foram aprovadas cheias de mentiras sobre Wałęsa. Uma dissertação de um aluno de mestrado em história da Universidade Iaguielônica de Cracóvia, virou livro. Foi publicado e ganhou as estantes de livrarias e bancas de revistas.
Nada foi provado até hoje, mas o Instituto da Memória Nacional e o PiS – Partido da Lei e Direito conquistou o coração do Padre Tadeusz Rydzyk da Rádio Maria e de várias congregações, até do bispo de Cracóvia, que o Papa Francisco se recusou a nomear Cardeal. O mesmo Bispo que desrespeitando as normas de saúde pública durante a Pandemia da Covid promoveu procissões durante a semana Santa e várias missas sem máscara e reclusão.
O que esperar da continuidade de uma presidência de extrema-direita na Polônia?
E esta é uma pergunta principalmente para Donald Tusk.
No momento, o governo polaco, do ponto de vista da sua coalizão, tem um trabalho para samurais políticos. A questão é saber se esse grupo político junto ao primeiro-ministro distribuído com responsabilidade limitada, que era a coalizão até agora, é capaz de seguir um caminho de samurais políticos.
O Professor Sławomir Sowiński, cientista político da Universidade do Cardeal Stefan Wyszyński diz que sera muito difícil para o candidato vencedor cumprir sua promessa de unir toda a sociedade polaca, que ele mesmo dividiu durante a campanha.
“Nem vimos no vencedor a capacidade de enfrentar ousadamente todos os tipos de alegações ou ambiguidades em relação, por exemplo, sua participação junto aos ‘hooligans’. Será muito difícil para o presidente Nawrocki reconstruir essa sociedade. Se ele quiser, é claro, porque a campanha mostrou que talvez sua missão, seja no momento, remover o PO – Partido da Plataforma da Cidadania do poder, e isso, provavelmente, significará fortalecer a ainda mais a polarização que tomou conta do país. A questão mais importante é se o presidente eleito vai querer reconstruir a sociedade polaca. E se ele quiser, parece muito, muito difícil, que consiga.”
Por Ulisses Iarochinski, jornalista, escritor, editor do blog Iarochinski do Brasil.
Direto da Redação é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.