EUA e Coréia do Norte mostram cautela sobre acordo nuclear
A perspectiva de adoção de medidas iniciais para o fim do programa de armas nucleares da Coréia do Norte cresceu nesta sexta-feira, quando os negociadores debateram um plano para que Pyongyang suspenda as operações da usina nuclear dentro de dois meses. Mas tanto a Coréia do Norte quanto os Estados Unidos advertiram contra conclusões rápidas no primeiro dia de negociações.
Uma fonte diplomática próxima dos debates entre seis países disse que a proposta preparada pela China afirma que a Coréia do Norte 'suspenderá, fechará e lacrará' instalações nucleares na usina de Yongbyon dentro de dois meses, em troca de energia e ajuda econômica. O novo bom momento nas negociações entre as duas Coréias, a China, os EUA, o Japão e a Rússia aparece depois que os negociadores norte-americanos e norte-coreanos encontraram-se em reuniões bilaterais em Berlim, no mês passado.
O encontro de Berlim esfriou a tensão que havia fervido quando Pyongyang realizou seu primeiro teste nuclear, em outubro, e com a resposta de sanções das Nações Unidas. Enviados às negociações manifestaram esperanças de que a Coréia do Norte está disposta a restringir suas ambições nucleares depois de mais de três anos de negociações infrutíferas.
- Há uma percepção de que o primeiro passo que estamos estudando é um grande primeiro passo, e de certa maneira exigirá um pouco mais de ação deles - disse o negociador dos EUA, Christopher Hill, a repórteres de agências internacionais depois do encontro com a delegação norte-coreana.
- Acho que podemos manifestar otimismo cauteloso, mas não queremos contar as galinhas antes que os ovos sejam chocados - disse Hill, repetindo a posição manifestada pela secretária de Estado Condoleezza Rice na quinta-feira.
O negociador-chefe norte-coreano, Kim Kye-gwan, disse que sua equipe "pôde chegar a um acordo em alguns temas" com Washington.
- Ainda há diferenças em uma série de assuntos nas negociações gerais, então tentaremos trabalhar neles - disse ele a repórteres. - Não se pode contar as galinhas antes que os ovos choquem, como alguém disse.
A Coréia do Norte está sob forte pressão para aceitar um acordo, até mesmo da China, sua vizinha e antiga parceira, que ficou irritada com a ação nuclear de Pyongyang. Os diplomatas norte-coreanos não costumam falar com a imprensa e não manifestaram em público qual seria o preço exigido pelo país para aceitar o fechamento de Yongbyon, que produz plutônio que pode ser refinado para uso em armas nucleares. Mas um jornal de Tóquio com elos com a Coréia do Norte sugeriu que o regime quer também uma prova de boa vontade de Washington.
- A posição da Coréia do Norte é que adotará medidas correspondentes se forem demonstrados que passos iniciais do abandono da política hostil dos EUA são irreversíveis - disse o jornal Choson Sinbo.