Na política, os escândalos - um depois do outro, e cada um pior do que o outro - pontuaram a vida nacional. Embora tenha saído ileso de todos eles e com o prestígio ainda maior junto ao eleitorado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu cairem seus assessores mais próximos, em meio à campanha que lhe garantiu a permanência por mais quatro anos no Palácio do Planalto.
Depois de José Dirceu, o então todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil, apearam o ministro da Fazenda Antonio Palocci e o secretário de Comunicação Estratégica, Luiz Gushiken, ambos amigos fraternos de Lula. Sem contar aqueles que saíram para concorrer a cargos eletivos ou simplesmente querem sair da vida pública, como é o caso do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. É dele, aliás, a reclamação de que o vazamento de informações "é uma praga no Brasil", durante o episódio em que o caseiro Francenildo Santos Costa acusou o ministro Palocci de mentir à CPI dos Bingos.
Para Thomaz Bastos, foi grave a quebra de sigilo bancário do caseiro.
- Essa quebra de sigilo é séria, precisa ser apurada e vai ser apurada. O governo é o maior interessado nesta apuração - afirmou Bastos.
O ministro disse que o vazamento de informações é 'uma praga' no Brasil:
- É uma coisa terrível que precisa ser combatida e coibida - afirmou.
Pizzaria Planalto
Outro ponto alto na lista nacional de escândalos foi o das sanguessugas, assim denominado após uma operação homônima da Polícia Federal que prendeu uma quadrilha que fraudava licitações em ministérios, principalmente da Saúde. Inicialmente, foram listados mais de 70 parlamentares como suspeitos de integrar a máfia que trocava emendas parlamentares por ambulâncias fantasmas Brasil afora. Nenhum deles foi penalizado. O relatório do senador Amir Lando (PMDB-RO) avalia que o resultado das investigações da CPMI das Sanguessugas concluir que os candidatos do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, citados pela PF, sabiam da operação de compra de dossiê para incriminar candidatos do PSDB. Lando disse, no entanto, que foi comprovada a ligação do ex-policial federal Gedimar Passos com a campanha do partido.
O relatório recomenda que o Ministério Público indicie por formação de quadrilha Gedimar Passos e outros envolvidos na compra do dossiê - o empresário Valdebran Padilha, o ex-coordenador de Comunicação da campanha de Mercadante Hamilton Lacerda, o enfermeiro e ex-diretor do Besc Jorge Lorenzetti, o ex-integrante do comitê da campanha de reeleição de Lula Osvaldo Bargas e o ex-diretor de Gestão de Riscos do Banco do Brasil Expedito Veloso.
Presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas, o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) afirmou que o relatório final, aprovado nesta quinta-feira, é "conclusivo, consistente, imparcial e seguro, como deve ser uma investigação parlamentar".
- A CPMI não terminou em "pizza" - afirmou o deputado.
Biscaia disse ainda que não tem dúvida de que os 72 parlamentares responsabilizados no relatório parcial da comissão, apresentado em agosto, quebraram o decoro parlamentar. Ele destacou que, se as conseqüências dessa responsabilização não foram as desejadas pela sociedade, a culpa não é da CPMI.
Eleições
O que deveria ter sido um outro escândalo, a cobertura parcial da mídia brasileira nas eleições deste ano, foi devidamente abafado - exceto pela denúncia do jornalista Rodrigo Vianna. Após questionar a cobertura da emissora das eleições, ele foi afastado do noticiário político e demitido da Globo, após 12 anos. Em carta enviada aos colegas, ele acusou a parcialidade da empresa. Assim como a Globo, os grandes jornais diários e as principais revistas semanais, entre elas a Veja, praticaram um jornalismo de qualidade questionável.
Ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, fez um