Rio de Janeiro, 04 de Setembro de 2025

Encarcerados pelo privilégio

Arquivado em:
Sexta, 10 de Junho de 2022 às 06:14, por: CdB

Livros são para serem lidos. Maldade encalhar mundos de palavras. Mas às vezes é preciso deixar as leituras encobertas, adormecer os momentos. A subjetividade é um labirinto cheio de textos sem respostas. Existem livros presos, encarcerados pelo privilégio.

Por Alexandre Lucas – de Brasília

Os livros continuarão na estante. Desistir de presentear. Já não me servem, estão apenas preenchendo os espaços, li algumas páginas e abandonei junto a outras leituras iniciadas.
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Às vezes é preciso deixar as leituras encobertas, adormecer os momentos
Poderia me desfazer a qualquer momento, ainda posso, mas prefiro deixá-los encalhados, sem nenhuma serventia, são meus. Assim se esboça as cercas que separam a propriedade e a solidariedade. Livros são para serem lidos. Maldade encalhar mundos de palavras. Mas às vezes é preciso deixar as leituras encobertas, adormecer os momentos. A subjetividade é um labirinto cheio de textos sem respostas. Existem livros presos, encarcerados pelo privilégio. Espalhar livros é um perigo. Eles podem nos deixar com cegueira, além de apagar até mesmo a imaginação. Tem outros que nos fazem sentir o gosto do beijo e enxergar a fábrica de fazer miséria.  Sim, existe fábrica para tudo, inclusive de fazer miséria.

Páginas brancas

Na estante, os livros vão decompondo as páginas brancas, aglutinando traças e aprisionando as palavras.   Acomodando a privatização dos sonhos e dos questionamentos. Do outro lado, as folhas   vão amolecendo de mão em mão, as palavras vão sendo grifadas, alguns amassados e remendos. Os livros vão sendo bulidos e o povo vai descobrindo novas formas de remexer o olhar e a estante aos poucos vai sendo nossa.  

Alexandre Lucas, é pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/Ceará.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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