Com o voto unânime do júri, em outubro de 2019, Chico Buarque ainda não havia recebido o prêmio devido à oposição do então presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar o diploma oficial da homenagem, oferecida em conjunto pelos governos de Portugal e do Brasil.
Por Redação, com ABr - de Lisboa
Quatro anos depois do anúncio de que recebera o Prêmio Camões, maior homenagem prestada à língua portuguesa, o escritor, cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda recebeu a láurea das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira. A cerimônia contou com também com a presença do primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e de personalidades da cultura e da política lusófonas.

Com o voto unânime do júri, em outubro de 2019, Chico Buarque ainda não havia recebido o prêmio devido à oposição do então presidente Jair Bolsonaro (PL) em assinar o diploma oficial da homenagem, oferecida em conjunto pelos governos de Portugal e do Brasil. Após a vitória do cantor, Bolsonaro disse que "até 31 de dezembro de 2026," assinaria o diploma.
— Reconforta-me que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o meu prêmio Camões. Quatro anos de um governo funesto duraram uma eternidade — disse Chico Buarque na cerimônia, em que compareceu emocionado e com uma gravata nova, presenteada pela mulher, Carol Proner.
Estupidez
Pouco depois de ser eleito presidente, em viagem a Portugal em novembro, Lula anunciou a intenção de retornar ao país para entregar o diploma ao cantor. A ausência de cerimônia de premiação, no entanto, não impediu o pagamento dos € 100 mil, cerca de R$ 540 mil, concedidos ao vencedor, que Chico já recebeu.
A atitude estapafúrdia do mandatário neofascista brasileiro em relação ao diploma do escritor, no entanto, levou à formação de uma espécie de fila de espera entre os laureados dos anos subsequentes, que também ainda não tiveram direito às solenidades para receber o prêmio.