Enquanto as atenções dos parlamentares se dirigem à disputa pela Presidência da Câmara, no Senado o pefelista Agripino Maia (RN) rouba a cena. Ele reafirmou, na manhã desta segunda-feira, a interlocutores e aliados, que não pretende desistir de sua candidatura e vai disputar, no voto, a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL), candidato à reeleição.
- Tem pessoas dizendo que estou sendo pressionado para desistir da minha candidatura. Nem existe pressão nem haverá desistência. Minha campanha vai muito bem e se o pessoal não estiver mentindo, tenho votos para vencer a eleição - garantiu o senador, na manhã desta segunda-feira, quando chegava a Brasília para um encontro com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Ambos, após um balanço das atividades de campanha, seguiram para um almoço com a bancada de senadores tucanos, junto à qual o pefelista espera conquistar, no mínimo, 13 votos, que se somariam aos 17 do PFL. Ao todo, 81 senadores integram o colégio eleitoral, o que torna o corpo-a-corpo mais ágil com os seus pares. Para ser eleito presidente da Casa, o vencedor da disputa precisará conquistar, no mínimo, 41 votos. O voto é secreto
Na Câmara
Enquanto isso, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), atual líder do governo, aproxima-se, cada vez mais, da presidência da Câmara. Apesar da reação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado Jutahy Jr. (PSDB-BA), que coordena a bancada dos parlamentares tucanos na Casa, defendeu o direito de o partido apoiar o petista, com base na consulta telefônica realizada junto aos congressistas de sua legenda.
A base da argumentação apresentada por Jutahy Jr. foi o cumprimento do princípio da proporcionalidade das bancadas. O PMDB - legenda com a maior bancada eleita para a próxima legislatura (89 cadeiras) que deve confirmar a recondução de Renan Calheiros (PSDB-AL) na presidência do Senado - preferiu abdicar da prerrogativa de lançar um nome e decidiu, em reunião com contagem de votos ocorrida na última terça-feira, optar pela formalização do acordo com o PT, dono da segunda maior bancada federal (83 cadeiras), segundo o qual os dois primeiros anos (2007 e 2008) ficarão a cargo dos petistas e o PMDB lançará o seu próprio candidato no biênio 2009-2010. O PSDB, que fez a terceira maior bancada com 66 cadeiras, seria contemplado com a vice-presidência da chapa de Chinaglia.
No entanto, o fator decisivo que vem de fato sedimentando o nome de Chinaglia é a perspectiva de poder para 2010. Os partidários do líder governista trabalharam com esse componente e convenceram as principais forças políticas com aspirações diretas (e poder real conferido pelas urnas nas últimas eleições de 2006) na sucessão de Lula. Nesse contexto, o próprio PT se mostrou disposto a fazer concessões nos estados para ganhar fôlego na reorganização de suas bases internas e externas nos próximos dois anos contando com o trunfo do assento da presidência da Câmara Federal. Enquanto isso, o PMDB pode ganhar tempo para testar a coalizão em torno de Lula e chegar mais preparado à direção da Mesa da Câmara na reta final para as próximas eleições gerais. É sabido que há peemedebistas que defendem o lançamento de uma candidatura própria para o Palácio do Planalto.
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), por sua vez, deu o seu aval ao anúncio feito por Jutahy porque conta com a retribuição do PT na eleição para a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp). Um oposicionista no cargo máximo da Alesp não ajudaria os planos do governador para os próximos quatro anos na administração do estado com maior pujança econômica do País. Além disso, o próximo líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), que também atuou em favor de Chinaglia, recebeu apoio decisivo do governador paulista e deve atuar em sintonia com Serra.
Reeleito em 2006, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), outro com aspirações inegáveis para 2