Rio de Janeiro, 15 de Setembro de 2025

<i>Efeito Estufa</i> é pior nos países pobres

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Quinta, 25 de Janeiro de 2007 às 10:08, por: CdB

Os países em desenvolvimento serão as maiores vítimas do aquecimento global e não deveriam ser obrigados a arcar com um problema criado principalmente pelos países ricos, disseram na quinta-feira executivos e especialistas reunidos em Davos. No encontro realizado nessa estação de esqui da Suíça e do qual participam 2,4 mil das pessoas mais poderosas do mundo, os líderes das nações emergentes disseram desejar que os EUA e outros países do Ocidente se responsabilizem mais profundamente pelas emissões de gases do efeito estufa.

Esses gases são produzidos principalmente na queima de combustíveis fósseis em fábricas e veículos automotivos. Os dirigentes dos países em desenvolvimento também defenderam seu direito de incentivar seu crescimento econômico, mesmo que isso resulte em um aumento na emissão dos gases indesejados.

- Os EUA, os europeus, os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) contribuíram, nos últimos 30 a 40 anos, pelas emissões dos gases do Efeito Estufa muito mais do que nós - disse Rahul Bajaj, presidente da segunda maior fabricante de motos da Índia, a Bajaj Auto Ltd.

As declarações dele foram dadas em um encontro realizado paralelamente ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. O também indiano Sunil Bharti Mittal, presidente do grupo de telecomunicações Bharti Enterprises, afirmou que os países em desenvolvimento precisavam de incentivos para reagir às mudanças climáticas.

- Nós, os indianos, que somamos 1 bilhão de pessoas, vamos consumir uma grande quantidade de serviços e de mercadorias responsáveis por criar emissões. Nós vamos precisar de tecnologia e de dinheiro - disse.

Na quarta-feira, dia de abertura do fórum, os participantes elegeram as mudanças climáticas como o problema a ter, provavelmente, o maior impacto sobre o planeta nos próximos anos bem como o problema que os líderes mundiais estão menos preparados para enfrentar.

Países pobres

Bárbara Stocking, diretora da organização Oxfam Britain, disse que os países pobres vinham sendo cada vez mais pressionados a limitar o uso de combustíveis fósseis. Esses países também seriam os mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, entre os quais chuvas mais irregulares, enchentes e secas que já dizimaram terras férteis e dificultaram a manutenção da agricultura de subsistência em vários pontos da África, bem como no Afeganistão, no Haiti e em outros locais.

- Já constatamos que os efeitos da mudança climática estão atingindo os pobres de forma mais dura e de forma mais rápida - afirmou Stocking, em uma entrevista concedida em Davos, na quinta-feira.

A diretora da Oxfam afirmou que esses países, além de precisaram de dinheiro para enfrentar os impactos, tinham também de ter alguma folga para expandir suas indústrias e criar riqueza. Nicholas Stern, conselheiro do governo britânico para a questão do aquecimento da Terra, concorda com a opinião de que a comunidade internacional precisa ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o problema.

- Não se trata de interromper o crescimento, mas de fazer as coisas de uma forma diferente - afirmou à emissora inglesa Reuters Television.

Outros disseram que mecanismos mais rígidos para monitorar as emissões vindas das potências ocidentais - de longe as maiores fontes dos gases do efeito estufa - ajudariam a convencer os países emergentes sobre a necessidade de agir.

- Poderíamos, talvez, criar uma força-tarefa internacional com algum tipo de poder para atuar nos países signatários do Protocolo de Kyoto. E também para atuar em países como os EUA, que não se comprometeram com a redução de emissões - disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Luiz Fernando Furlan.

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