O Exército nepalês assumiu a responsabilidade para conter o caos no país diante do pior ato de violência dos últimos 20 anos.
Por Redação, com ANSA – de Kathmandu
Mais de 13,5 mil detentos fugiram das prisões no Nepal durante os protestos antigovernamentais que forçaram a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli na última terça-feira, causando a morte de ao menos três policiais.

O Exército nepalês assumiu a responsabilidade para conter o caos no país diante do pior ato de violência dos últimos 20 anos e impôs, a partir desta quarta, medidas restritivas de segurança e um toque de recolher em toda a nação com início às 17h.
Um comunicado informou ainda que “qualquer forma de manifestação, vandalismo, incêndio criminoso ou agressão a pessoas ou propriedades será considerada atividade criminosa”.
Segundo o exército, “essas medidas são necessárias para prevenir incidentes causados pela agitação” nacional, que inclui ainda “riscos de estupros e ataques violentos contra indivíduos”. Além disso, enquanto a medida estiver em vigor, “somente veículos destinados a serviços essenciais poderão circular”.
Nesta quarta, os militares também retomaram o controle da capital nacional, Kathmandu.
O chefe do Exército local, general Ashok Raj Sigdel, realizou “consultas com as partes interessadas e uma reunião com representantes da Geração Z”, informou o porta-voz da força armada, Rajaram Basnet, referindo-se ao nome genérico dos jovens manifestantes, mas sem fornecer mais detalhes.
Já Sushila Karki, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e vista por muitos como uma potencial líder interina, declarou que o diálogo entre as partes era crucial.
“Os especialistas precisam se unir para encontrar um caminho a seguir. O Parlamento ainda está de pé”, afirmou.
Ontem, o então premiê Oli renunciou ao cargo na esteira dos protestos contra o bloqueio às redes sociais no país, mas a medida não serviu para aplacar a ira dos manifestantes, que incendiaram a sede do Parlamento e invadiram casas de políticos.
Os ataques causaram a morte da esposa de um ex-primeiro-ministro quando sua residência foi incendiada. Já na segunda-feira, ao menos 19 pessoas morreram em meio aos protestos.
Atos
Os atos tiveram como estopim o bloqueio de mais de 20 redes sociais no Nepal, incluindo Facebook, YouTube e X, que não teriam cumprido a determinação do governo de se registrar no país e nomear representantes locais. A medida foi revogada pelo gabinete de Oli, mas as manifestações também abarcaram a insatisfação popular com a corrupção e a pobreza generalizadas no antigo reino nas montanhas do Himalaia.
A onda de protestos também levou à renúncia dos ministros Pradeep Yadav (Abastecimento Hídrico), Ram Nath Adhikari (Agricultura) e Ramesh Lekhak (Interior).