O desfile deste ano homenageou a Indonésia, com a qual a França firmou uma parceria estratégica a fim de exercer influência na região do Indo-Pacífico.
Por Redação, com RFI – de Paris
Após ter sido transferido de lugar no ano passado devido aos Jogos Olímpicos de Paris, o tradicional desfile militar do 14 de julho retornou à prestigiosa avenida dos Champs-Élysées, em Paris. O exército francês busca destacar sua “credibilidade operacional“ e “solidariedade estratégica” com seus parceiros, diante de “um mundo mais brutal”, segundo palavras de Emmanuel Macron. O país convidado este ano foi a Indonésia, representada por seu presidente e por tropas no desfile.

Como tradicionalmente acontece no feriado nacional da França, o presidente Emmanuel Macron desceu a famosa avenida dos Champs-Élysées, nesta segunda-feira, antes do início do tradicional desfile militar. Este ano, o evento exibe um exército “pronto para o combate”, explicou Macron, na véspera. “Nunca, desde 1945, a liberdade foi tão ameaçada”, declarou o presidente no domingo, diante de altos oficiais militares. Ele citou a “ameaça persistente” representada pela Rússia.
Organizado como uma “verdadeira operação militar”, segundo o general francês Loïc Mizon, a parada militar de 2025 refletiu a gravidade das ameaças à segurança do continente. “O Exército desfila como uma brigada pronta para a guerra, ou seja, pronta para o combate”, explicou o general Mizon à rádio RTL.
O desfile começou às 10h30 pelo horário local, 5h30 pelo horário de Brasília, e foi aberto pelos aviões da Patrulha de França, que sobrevoaram a avenida dos Champs-Élysées, colorindo o céu nas cores azul, vermelho e branco. Aeronaves inglesas, alemãs e espanholas mostraram um esforço conjunto dos países para defender a Europa.
As parcerias da França estiveram representadas também por uma companhia belga-luxemburguesa, pela força binacional franco-finlandesa composta pela força de reação rápida da UNIFIL, a missão da ONU no Líbano e a tripulação da fragata Auvergne, que realizou vários destacamentos no Báltico e no Ártico para apoiar as operações da Otan.
Indonésia é convidada de honra
O desfile deste ano homenageou a Indonésia, com a qual a França firmou uma parceria estratégica a fim de exercer influência na região do Indo-Pacífico. O presidente indonésio, Prabowo Subianto, participou das festividades na tribuna de honra, ao lado de Emmanuel Macron.
Mais de 450 soldados indonésios, incluindo músicos de bandas de tambores, desfilaram com as cabeças cobertas por capacetes em forma de tigre, de águia, de morsa ou de tubarão, dependendo da unidade. As tropas convidadas lideraram o desfile a pé.
Nos últimos anos, a França vendeu aviões de caça Rafale e submarinos ao país asiático.
O emir do Kuwait, Meshal al-Ahmad al-Sabah, também estava entre os convidados na tribuna das autoridades, localizada na Praça da Concórdia.
No total, 7 mil homens e mulheres marcharam na avenida dos Champs-Élysées, incluindo 5,6 mil a pé. O desfile foi composto também de 65 aeronaves, incluindo cinco estrangeiras, 34 helicópteros, 247 veículos e 200 cavalos da Guarda Republicana.
“Não é medo, é realismo”
A necessidade de repensar a defesa da França e preparar o país para possíveis ameaças foi reforçada pelo ministro do Interior, Bruno Retailleau. “Não é uma questão de ter medo, mas de ser realista, o que mudou é o que o mundo é mais ameaçador, há guerras por todo lado e não podemos mais contar apenas com os Estados Unidos como protetor”, disse o ministro francês a jornalistas, pouco antes do início da parada militar. “É a festa do patriotismo, do civismo”, lembrou Retailleau, que irá receber, após o desfile de 14 de julho, familiares de policiais feridos ou mortos em serviço.
A França planeja fortalecer o orçamento para sua defesa, adicionando 3,5 bilhões de euros em gastos em 2026 e outros € 3 bilhões em 2027, dobrando os recursos para a defesa do país em comparação a 2017, atingindo quase 64 bilhões de euros, até o fim do segundo mandato de Macron. Bruno Retailleau lembrou, no entanto, a responsabilidade de cada francês. “Temos de fazer um rearmamento mental, ter determinação e força moral, o civismo de nossos cidadãos é importante,” reiterou Bruno Retailleau. “A resistência de um povo está na união nacional”, concluiu.
Diante do público que lotou a avenida dos Champs-Élysées, a França mostrou uma mensagem de união e de força para o mundo, neste 14 de julho.