Rio de Janeiro, 28 de Junho de 2025

Declarações cifradas de general reforçam a tese do golpe militar

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Segunda, 18 de Dezembro de 2017 às 13:53, por: CdB

Em sua página em uma rede social, o comandante do Exército, general Villas Bôas, cita Sun Tsu e fala em ‘vitória e determinação’.



Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo

 

Comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas publicou, neste domingo, uma mensagem cifrada em sua conta de Twitter: "No momento de deflagrar a ação, perscruta os olhares de teus soldados. Atenta a seus primeiros movimentos. Pelo entusiasmo ou pelo temor que ostentem, conclui pelo sucesso ou pela derrota "(Sun Tzu). No @exercitooficial vislumbro vitórias e determinação. #ObrigadoSoldado!”, escreveu o general. Na semana passada, o militar também publicou outra reflexão de sua lavra.

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No Twitter, o general Villas Bôas publica frases cifradas e deixam setores da sociedade inquietos; desconfiados de um novo golpe militar no país

A mensagem, para alguns teóricos de que há uma conspiração em curso na caserna brasileira; após graves declarações de integrantes do alto comando da tropa, eleva o risco de um aprofundamento do golpe de Estado, em curso no país desde Maio do ano passado. Mesmo partidos inteiros, a exemplo do PCO, de esquerda; e o PSC, de extrema direita, concordam, cada um com o seu viés, ser possível uma intervenção militar na cena política nacional.

Pré-candidato a presidente da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) já fez do mote um bordão de campanha.

No Twitter

O PCO, por sua vez, observa que “para algumas pessoas e determinados setores de esquerda, o golpe militar (somente) não irá ocorrer devido ao posicionamento do general que está no alto comando do exército; o general Eduardo Villas Bôas. Considerado um militar ‘profissional, político’, Villas Bôas não seria favorável ao golpe militar”, afirma o editorial do jornal Causa Operária.

“Este tipo de consideração, no entanto, não condiz com a história e com os fatos da política atual”, acrescenta. Segundo a legenda, “historicamente, são exatamente os militares considerados ‘profissionais’ que dirigem e levam adiante os golpes militares.

Um exemplo claro é o caso chileno. O golpe contra Salvador Allende, em 1973; foi dirigido pelo general Augusto Pinochet, o qual fora indicado pelo presidente ‘socialista’. Pinochet também era considerado, dentro do exército, um militar ‘profissional”.

Violência

“No caso de Villas Bôas, apesar de ser incluído no grupo de militares moderados, o atual comandante do exército brasileiro já deu indícios diversas vezes de que está por trás da organização do golpe militar. Villas Bôas já elogiou o general Mourão, o mesmo que declarou abertamente que o exército deve intervir, o comandante do exército também já saudou publicamente o período da ditadura militar que o país vivenciou durante 21 anos”, afirma o jornal partidário.

O partido de esquerda, de linha trotskista, chega a apontar o mentor do levante nas Forças Armadas, com base em outra citação no Twitter. “Para não restar dúvidas de que é o próprio Villas Bôas que está dirigindo o golpe militar, no final da última semana, o general postou em uma rede social a seguinte declaração: “A lealdade e a obediência são as mais altas virtudes militares, mas quais são os limites da obediência?

Regime ditatorial

O Estado, ao delegar o poder para exercer a violência em seu nome, precisa saber que agiremos sempre em prol da sociedade da qual somos servos”.

“Trata-se de uma ameaça aberta a toda a sociedade brasileira. Villas Bôas, que detém em suas mãos o controle de todo um fortíssimo aparato de repressão (soldados, armas, tecnologia etc); deixa claro que tanto ele como os demais generais estão dispostos a usar essa violência contra o povo, por meio da imposição de um regime ditatorial, no qual todas as liberdades e garantias serão suprimidas”, desconfia o grupo político.

Contra o golpe

Ainda segundo o PCO, “é importante destacar aqui que os militares golpistas não querem agir para salvaguardar os direitos que estão sendo suprimidos após o golpe. As forças armadas, suas altas cúpulas, são parte do golpe de Estado. A intervenção do exército é uma saída de força da direita; uma vez que o descontentamento popular com o golpe e suas ‘reformas’ cresce a cada dia”.

“Os militares querem impor, portanto, por meio da violência, da coação; da perseguição aberta, da tortura aos opositores; toda a política de destruição das condições de vida do povo; as quais os golpistas ainda não conseguiram impor completamente pelos meios ‘convencionais’ (Congresso, Judiciário etc).

Diante desse cenário, de mais esse fato; a mais nova declaração de Villas Boas, que escancara o golpe militar, a saída é a mobilização popular. Para tanto, é imediata a necessidade de se organizar os comitês de luta contra o golpe”, conclui o editorial.

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