Pontuado por alfinetadas entre os três candidatos à Presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) disse que não pediu licença a ninguém para ser candidato, muito menos "ao presidente Lula". Segundo Aldo, apesar de o PCdoB ter feito campanha para Lula nos últimos anos, a relação entre seu partido e o PT "nunca foi de subordinação". O atual presidente da Câmara afirmou que nunca pediu "permissão" ao presidente Lula para candidatar-se à reeleição.
O deputado ressaltou que sua candidatura é "da instituição, dos deputados federais que necessitam, no início da nova legislatura, retomar um programa de credibilidade para a Casa que tenha foco no crescimento econômico e na valorização do Poder Legislativo". Ele observou ainda que a candidatura visa a Presidência da Câmara e não a liderança do governo. No entanto, disse, "a Câmara não pode ser comandada com base em uma dicotomia entre governo e oposição, pois é a casa de todos os parlamentares e de todo o povo brasileiro".
Aldo Rebelo, que participou do debate com Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse que os parlamentares precisam legislar para que a reforma agrária continue sendo uma prioridade do País.
- No governo do presidente FHC foram realizados mais de 400 mil assentamentos - afirmou o deputado, e o "governo Lula deu prosseguimento a esse esforço".
Aldo destacou que o acesso à terra tem sido origem de muitos conflitos no Brasil, desde a época de Canudos (1893-1897), na Bahia. Ele acrescentou que sua candidatura não é um projeto pessoal, mas de um grupo de parlamentares.
- Nada tenho contra meus concorrentes, principalmente contra aquele de um partido aliado, o PT - esclareceu.
Porém, o atual presidente da Câmara afirmou que é inadequado para a democracia ou para o equilíbrio dos Poderes dar maior poder a um só partido.
- Não julgo prudente, não acho que seja bom para o País nem para o próprio PT tamanha concentração de poder - afirmou. Para Aldo, a "Câmara é de todos os parlamentares, dos que apóiam o governo e daqueles que fazem oposição, mas, sobretudo, a Câmara é do povo brasileiro".
Ao final do debate entre os candidatos a presidente da Câmara, Aldo recomendou aos parlamentares eleitos ou reeleitos que ingressem no Poder Legislativo "com confiança e elevado espírito público". Pediu aos novos parlamentares que iniciem a legislatura valorizando a Câmara "como o poder mais democrático e mais representativo do povo brasileiro". Segundo Aldo, a valorização do Legislativo é necessária para que os parlamentares possam cuidar do País e "das questões sociais que aguardam soluções por séculos". O deputado citou as áreas de saúde, educação, transporte e moradia como prioritárias e lembrou que as desigualdades regionais, não só entre os cidadãos, precisam ser combatidas.
Provocações
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), durante o debate, em resposta a um telespectador fluminense, disse que pretende colocar a sua experiência política "a serviço dos interesses maiores do povo". Ele disse também que sua gestão à frente da Câmara será pautada por temas de grande interesse, como a geração de emprego, a distribuição de renda e a universalização da Previdência Social. Chinaglia lembrou que iniciou sua militância política em 1970, no movimento estudantil, lutando contra a ditadura militar. Desde então, passou pelo movimento sindical e pela Câmara dos Deputados, onde acumulou uma experiência política.
Chinaglia defendeu a prioridade para as mudanças nas regras para a fidelidade partidária no debate sobre a reforma política. Ele afirmou que já um consenso entre os parlamentares sobre a urgência de se modificar a atual legislação sobre o tema. No último bloco do debate da TV Câmara, Chinaglia ainda ressaltou a necessidade de reabrir o debate sobre o voto aberto no Congresso. Ele lembrou que a PEC que acaba com o voto secreto já foi votada em primeiro turno, mas ainda precisa ser vo