Rio de Janeiro, 13 de Setembro de 2025

Cúmplices de Temer: mais uma farsa grotesca do golpe

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Quarta, 01 de Novembro de 2017 às 06:25, por: CdB

Pela norma legal é criminoso não apenas quem diretamente comete o crime, mas todo aquele que, direta ou indiretamente, contribuiu para que tal crime acontecesse, seja pela sua ação ou pela simples omissão

Por Eron Bezerra - de Brasília:

Assim, todos aqueles que patrocinaram, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, o degradante espetáculo para cassar Dilma Rousseff (PT) e colocar Michel Temer (PMDB) no seu lugar, são cumplices dos crimes que ele tem praticado, seja como pessoa física ou jurídica.

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Temer e Cunha, as caras do golpe

Até o dia do golpe, alguns até poderiam reivindicar a ignorância a seu favor.

Argumentar que não sabiam que Temer chefiava uma quadrilha; segundo o procurador geral da república (PGR); que desconheciam que ele negociava propina dentro do próprio palácio do planalto; conforme gravações igualmente apresentadas pela PGR; que jamais poderiam imaginar que seu assessor pessoal, Rodrigo Loures; seria filmado transportando uma mala recheada de dinheiro dessa propina; e nem tampouco que seu homem forte, Geddel Vieira; guardava uma montanha de dinheiro, mais de R$ 50 milhões; em apenas um dos apartamentos “estourados” pela polícia federal. Essa dinheirama; cuja origem ilegal parece não restar dúvidas; certamente faz falta para a segurança, produção de alimentos, saúde e educação, além da previdência social.

Crimes

E, por mais impactante que possa parecer, esses são os “menores” crimes de Temer. O maior crime dele e de seus asseclas é o atentado à nossa soberania; as privatizações criminosas de nossas riquezas estratégicas, como o pré-sal; torradas a preço vil para grupos estrangeiros; a entrega de nossos aeroportos a grupos estrangeiros, colocando em risco a nossa soberania; a tentativa de agressão ao patrimônio amazônico; a “legalização” do trabalho escravo; a reforma trabalhista, que fulminou com os parcos direitos trabalhistas; conquistados a duras penas ao longo dos tempos; e, o crimes dos crimes; a reforma da previdência para impedir que você se aposente.

Golpe

Mas, após o golpe, todos esses crimes vieram à tona com provas documentais e não apenas com ilações e desejos rancorosos; como geralmente são as acusações movidas contra lideranças de esquerda. E o que fizeram os deputados e deputadas?

Acobertaram o crime, sem qualquer cerimônia. Alguns, cinicamente; ainda procuraram arranjar algum pretexto grotesco do tipo ; “se a esquerda está de um lado, estou do outro” na tentativa de “justificar”; porque votaram para cassar Dilma Rousseff, por “crime” de pedalada fiscal; e agora protegiam Temer acusado de um rol de crimes de fazer inveja a qualquer marginal de alta periculosidade.

Temer, a rigor, não precisava de nenhum voto. Bastava que 172 deputados (as) não comparecessem; ou se abstivessem da votação para que seu 2º processo fosse sepultado, enterrado; tal qual ocorreu com o primeiro em agosto desse 2017.

Assim, quem estava ausente ou se absteve votou Temer.

Propina

E para demonstrar o quanto estavam gratos pelos mimos escandalosamente negociados, nada menos do que 278 parlamentares ficaram com Temer e impediram que o processo fosse enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para uma investigação técnica. Esses 278 foram assim distribuídos: 251 no plenário (12 a menos em relação a 1ª denúncia), 25 ausências e 2 abstenções. E Temer ficou para continuar desmontando o país.

A oposição e os dissidentes do governo somaram apenas 233 votos, ou seja, 109 votos a menos do que os 342 necessários para que o processo contra Temer fosse autorizado.

Temer

Esse é o fato e por tudo isso, os parlamentares que acobertaram Temer são igualmente criminosos e deveriam responder, não apenas politicamente, mas, também, juridicamente, pela cumplicidade de um crime.

No Amazonas apenas a Senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) votou contra o golpe. Todos os demais (8 deputados (as) e 2 senadores) votaram com Temer.

E Temer, apesar de 97% da população rejeita-lo, ele continua contando com esses parlamentares. Votaram com ele: Alfredo Nascimento (PR), Atila Lins (PSD), Carlos Souza (PSDB, ausente), Hissa Abrahão (PDT, ausente), Pauderney Avelino (DEM), Silas Câmara (PRB). O Deputado Sabino Castelo Branco (PTB), que votou com Temer na 1ª denúncia, está efetivamente hospitalizado em estado grave.

Eron Bezerra, é professor da UFAM, Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Coordenador Nacional da Questão Amazônica e Indígena do Comitê Central do PCdoB.

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