Rio de Janeiro, 13 de Setembro de 2025

Crônica do fim do mundo

Arquivado em:
Quinta, 26 de Outubro de 2017 às 16:20, por: CdB

Toda vez que ligo a televisão há um tiroteio numa das favelas do país, incêndio premeditado num colégio em Minas Gerais, feito por um ex-empregado do próprio colégio que se matou também, assassinato e suicídio cometido por um rapaz de 14 anos contra um colega de classe que cometia bullying contra ele.

Por Maria Lúcia Dahl, do Rio de Janeiro:

DIRETO-CONVIDADO23-4.jpg
Assassinatos, roubos, corrupção, terremotos, o mundo vai se acabar

Acho que chegamos ao tempo em que se dizia, quando eu era pequena, que um dia o mundo ia se acabar.

De que serviu virarmos hippies, nos anos 70, pregando a paz, tendo de aturar até a morte de John Lennon, pelos que pregavam o ódio, que hoje em dia se espalhou pelo mundo por motivos que não dá pra entender, fazendo uma pessoa entrar num bar, num banco, na praia, num restaurante, nas favelas e matar todo mundo que lá estiver, inclusive a si próprio, o que demonstra não ser um motivo de vingança, como até pouco tempo atras, quando o assassino pobre queria se vingar dos ricos que se divertiam nesses lugares, roubando o seu dinheiro e tirando as suas vidas.

Hoje em dia o ódio generalizou-se, fazendo com que ricos, pobres e até milionários se matem junto com o povo reunido em algum lugar agradável, bebendo, dançando ou batendo um papo inocente.

Toda vez que ligo a televisão há um tiroteio numa das favelas do país, incêndio premeditado num colégio em Minas Gerais, feito por um ex-empregado do próprio colégio que se matou também, assassinato e suicídio cometido por um rapaz de 14 anos contra um colega de classe que cometia bullying contra ele, assassinatos de turistas na favela, assalto a bar em Paris , assalto a bar em Las Vegas, briga entre a Catalunha e o resto da Espanha, todos junto com os suicídios dos assassinos, estupros em mulheres e crianças, pais que matam filhos, mulheres que assassinam maridos, maridos que assassinam mulheres, assassinatos de policiais, assassinatos de turistas nas favelas, artefatos nucleares mandados pela Coreia do Norte ameaçando o resto do mundo, guerra no Estado Islâmico, guerra na Síria, Iraque,Venezuela, fazendo a natureza participar desse ódio generalizado, produzindo vendavais, tornados, furacões, acabando com a praia da Macumba, me deixando apavorada como todos, e, particularmente, quando assisti pela TV a um palco que desabou enquanto estava sendo construído para um show da Ivete Sangalo, o que me fez achar que esse desabamento fosse pra matar a famosa cantora, o que, felizmente não aconteceu.

O que fazer contra isso tudo, principalmente no Brasil onde não há nem sequer a cópia de um governo que possa nos proteger?
Muita gente já está se mudando pra Portugal, onde logo houve um acordo outra vez com a natureza que se juntou com a Espanha provocando um incêndio.

Qual seria a solução?

Passeatas contra vendavais, terremotos, furacões, incêndios, assassinatos, se deixar levar de uma vez junto com o fim do mundo ou resistir e esperar os novos tempos que, certamente, um dia, virão junto com a luz?

Maria Lúcia Dahl , atriz, escritora e roteirista. Participou de mais de 50 filmes entre os quais – Macunaima, Menino de Engenho, Gente Fina é outra Coisa – 29 peças teatrais destacando-se- Se Correr o Bicho pega se ficar o bicho come – Trair e coçar é só começar- O Avarento. Na televisão trabalhou na Rede Globo em cerca de 29 novelas entre as quais – Dancing Days – Anos Dourados – Gabriela e recentemente em – Aquele Beijo. Como cronista escreveu durante 26 anos no Jornal do Brasil e algum tempo no Estado de São Paulo. Escreveu 5 livros sendo 2 de crônicas – O Quebra Cabeça e a Bailarina Agradece-, um romance, Alem da arrebentação, a biografia de Antonio Bivar e a sua autobiografia,- Quem não ouve o seu papai um dia balança e cai. Como redatora escreveu para o Chico Anisio Show.Como roteirista fez recentemente o filme – Vendo ou Alugo – vencedor de mais de 20 premios em festivais no Brasil.

Direto da Redação, editado pelo jornalista Rui Martins.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo