A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deve anunciar ainda nesta segunda-feira o plano que prevê a criação de uma força-tarefa para reforçar as equipes nos feriados e fins de semana nos aeroportos, como forma de prevenir possível apagão aéreo no Carnaval. A Aeronáutica planeja fazer o mesmo, mas acredita que as empresas também apresentam erros na gestão.
Conforme vem sendo divulgado há duas semanas, um elevado número de controladores estão alegando estresse, apresentando receitas de medicamentos de tarja preta, e o número de funcionários de licença no período do Carnaval poderá gerar mais uma crise nos aeroportos.
A possibilidade de novo apagão aéreo aumentou a tensão entre os controladores do tráfego, o Comando da Aeronáutica e as companhias de aviação. O medo da repetição do caos nos aeroportos assusta passageiros e motiva reuniões entre as autoridades do setor para inibir a realização de outra operação-padrão.
As companhias aéreas informaram que contrataram mais funcionários e remanejaram vôos para evitar o problema que atingiu a TAM no fim de 2006, quando a venda excessiva de bilhetes e a necessidade de parada de seis aeronaves da empresa para manutenção geraram filas e atrasos de mais de 24 horas. À época, até aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e ônibus foram usados para transportar passageiros sitiados nos aeroportos.
O brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante da Aeronáutica, se reunido com oficiais médicos da Força para formular estratégias de inibição das licenças. Uma das propostas é internar os controladores que alegam estresse e distúrbios do sono nas unidades da própria Aeronáutica, para monitoramento clínico.
Protestos
Neste domingo, parentes de vítimas do acidente aéreo ocorrido em 29 de setembro do ano passado entre um Boeing da Gol e um jato Legacy fizeram uma mobilização em oito cidades. Foram realizadas missas em Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Aracaju, Manaus, Anápolis e Goiânia. Indignados, os familiares levaram faixas de protesto contra a falta de informações e a liberação dos pilotos do jato.
Desmilitarização na gaveta
Reivindicação antiga dos controladores de tráfego aéreo depende apenas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está debruçado há mais de um mês sobre a proposta de desmilitarização do setor. O ministro da Defesa, Waldir Pires, defendeu solução urgente, mas saiu sem promessas de uma reunião no Planalto, na semana passada. Geralmente aliado dos controladores, há quem aposte que ele não seja mantido na pasta após a reforma ministerial.
Uma das preocupações dos profissionais que trabalham no controle do tráfego aéreo - principalmente se houver condenação no caso do acidente da Gol - é a de que a opinião pública se volte contra eles com um novo apagão nos aeroportos. Querem transmitir a mensagem de que a situação entre eles é insustentável, que vivem sob tensão e ainda temem reprimendas se a desmilitarização não acontecer.