Rio de Janeiro, 12 de Setembro de 2025

Conservadores apontam Sarkozy, mas Ségolène segue na frente

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Segunda, 15 de Janeiro de 2007 às 10:19, por: CdB

Após a escolha de Nicolas Sarkozy, por maioria absoluta dos votos (98,1%), os conservadores franceses agora se dedicam à árdua tarefa de tentar superar o prestígio da adversária socialista, Ségolène Royal, que segue na dianteira da preferência dos eleitores franceses, segundo pesquisas divulgadas, nesta segunda-feira, na imprensa parisiense. Na convenção em Paris, que reuniu 50 mil membros do partido e 500 jornalistas de todo o mundo, foram gastos nada menos que 3,5 milhões de euros.

Para Sarkozy, 51 anos, a corrida à presidência põe fim a uma era de longas rivalidades internas dentro do partido. Em meados dos anos 90, essas divergências quase encerraram sua carreira política. O erro cometido por Sarkozy em 1995 foi o de abandonar seu mentor e padrinho político, Jacques Chirac, para apoiar seu então adversário Edouard Balladur. Ledo engano: Chirac venceu não só as eleições de então, como ocupa há quase 12 anos a presidência da França.

Sarkozy ganhou com o feito o rótulo de "traidor" e para a primeira-dama Bernadette adquiriu até mesmo o codinome "Brutus". Se muitos teriam entregue os pontos naquele momento, o obstinado filho de um imigrante húngaro não abandonou as aspirações de tomar o poder. Provando ser, desta forma, realmente muito parecido com o mentor Chirac, que certa vez havia lhe dito: "Você foi feito para a política", quando acabava de conhecer o então estudante de Direito de cabelos longos, num evento organizado pelo partido ainda em meados dos anos 70.

Talento político

Pouco a pouco, Sarkozy foi recuperando sua imagem após as falhas estratégicas cometidas nos 90. Nas últimas eleições presidenciais de 2002, seu talento político já era tão visível, que seu nome foi cogitado para a nomeação ao cargo de primeiro-ministro. Chirac, porém, só permitiu a indicação do ex-pupilo ao posto de ministro do Interior, provocando assim um sério enfrentamento deste com o premiê Domique de Villepin na corrida à candidatura à presidência. Os dois - Sarkozy e Villepin - acabaram escancarando a rivalidade existente.

Em novembro de 2005, Sarkozy fez uso dos tumultos ocorridos nos subúrbios de Paris para proclamar suas posições populistas, úteis na campanha eleitoral: nesse momento, prometeu eliminar a criminalidade da periferia e chamou os jovens revoltosos dos banlieues de "gentalha, ralé".

Fora de combate

Este tipo de conduta de Sarkozy, porém, não corresponde exatamente ao gosto do gaulista Chirac, nem de seu fiel escudeiro Villepin. No entanto, a insistência cega nas mudanças das chamadas "leis do primeiro emprego" acabaram provocando o fracasso político do premiê no primeiro semestre de 2006.

Sendo assim, a candidatura à presidência ficou praticamente livre para Sarkozy. O único que ainda poderia atravessar seu caminho é o próprio Chirac, hoje com 74 anos, que tem tempo até março próximo para declarar sua intenção de se candidatar mais uma vez ou não. Mas diante dos 98,1% de votos em prol de Sarkozy, num pleito interno que reuniu quase 70% dos membros do partido, é pouco provável que o faça.

Extrema direita

Uma possível decisão de Chirac pelo "sim" provocaria com certeza uma erupção política nos quadros do UMP. Uma cisão como essa levaria Jean-Marie Le Pen, líder do partido de extrema direita Front National, ao êxtase. Afinal, em 2002, ele conseguiu chegar ao segundo turno na corrida presidencial contra Chirac exatamente porque o candidato socialista de então, Lionel Jospin, não conseguiu unir a esquerda esfacelada no país. Agora Le Pen aposta na ruptura da direita.

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