O conselho da Petrobras é formado por 11 cadeiras, seis indicadas pelo governo (Ministério de Minas e Energia e Casa Civil). Fontes próximas ao conselho da estatal têm argumentado que a retenção dos dividendos evita um crescimento acelerado da dívida da companhia.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Após a decisão de reter o pagamento de dividendos aos acionistas, na semana passada, um grupo de conselheiros da Petrobras poderá rever a decisão de suspender a totalidade dos ganhos extraordinários da estatal. Após a reação negativa do mercado financeiro com a decisão, os conselheiros avaliaram, durante o fim de semana, que pode ter havido algum equívoco na medida.

O conselho da Petrobras é formado por 11 cadeiras, seis indicadas pelo governo (Ministério de Minas e Energia e Casa Civil). Fontes próximas ao conselho da estatal têm argumentado que a retenção dos dividendos evita um crescimento acelerado da dívida da companhia - embora a direção da estatal do petróleo tenha deixado claro, na sexta-feira, que esses recursos não poderiam ser usados para nada que não fosse o pagamento de dividendos.
Proventos
Interlocutores junto à direção da Petrobras dizem que a decisão tem como suporte o embate entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. Na avaliação da diretoria, a ideia seria atrapalhar a divulgação do primeiro resultado da estatal na gestão de Prates, que contabilizou o segundo maior lucro da história da companhia.
Segundo apurou a mídia conservadora, a diretoria da estatal trabalhou por meses a fio para apresentar a proposta apoiada por Prates ao conselho, na última quinta-feira, de reter apenas 50% dos dividendos extraordinários e distribuir a outra metade, fato que já teria sido absorvido pelo mercado financeiro. A intenção seria acostumar os acionistas a fazer uma reserva dos proventos, para futuras distribuições.
Ganhos extras
Assim, a empresa continuaria a distribuir dividendos como seus pares na indústria, e não muito acima, como ocorreu em 2022. Porém, sem nenhuma explicação plausível, na avaliação das fontes, os membros do Conselho ligados ao MME e apoiados pela Casa Civil, decidiram segurar a distribuição integral dos ganhos extras, como Prates deixou claro na sexta-feira, a analistas do setor.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, questionou nesta segunda-feira a repercussão e da queda das ações, em reunião com Prates. Durante o final de semana, Lula teria recebido a informação de que foi induzido a erro sobre o impacto que isso iria causaria junto aos acionistas. Após a decisão, os operadores das principais bolsas de valores, no mundo, penalizaram a empresa com uma queda brutal no valor de mercado, de mais de R$ 55 bilhões em questão de horas.
A distribuição de dividendos ainda depende de aprovação dos acionistas na Assembleia Geral Ordinária (AGO), que será realizada no próximo 25 de abril. A proposta aprovada no Conselho foi de distribuir R$ 14,2 bilhões referentes ao quarto trimestre, que somado ao já antecipado vai resultar em um provento anual de R$ 72,4 bilhões.