Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Comitiva de Bolsonaro chega irritada ao Japão, após tantos escândalos

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Quinta, 27 de Junho de 2019 às 11:49, por: CdB

O ministro Augusto Heleno (GSI), em uma entrevista organizada às pressas, disse que ninguém tem moral para criticar o Brasil.

 
Por Redação, com agências internacionais - de Osaka, Japão
  Os ânimos da comitiva presidencial chegaram exaltados ao Japão, para o encontro das 20 nações mais relevantes, economicamente, no mundo, o G20. Tanto o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quanto o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, destrataram jornalistas e se limitaram a respostas ríspidas ao ser questionados sobre o escândalo do ‘Aeroína’, como ficou conhecido o tráfico de drogas em uma aeronave da Presidência da República; ou sobre a questão ambiental brasileira.
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Visivelmente irritado, Bolsonaro interrompeu a entrevista ao ser questionado sobre escândalo do 'Aeroína'
O ministro Augusto Heleno (GSI), em uma entrevista organizada às pressas, na porta do hotel onde a comitiva se hospeda, em Osaka, disse que ninguém tem moral para criticar a política ambiental do Brasil. — A política de meio ambiente é totalmente injusta ao Brasil. O Brasil é um dos países que mais preserva meio ambiente no mundo. Quem tem moral para falar da preservação de meio ambiente do Brasil? Este países que criticam? Vão procurar a sua turma — disparou o ministro.

Encontro do G20

O ministro acrescentou "não ter nenhuma dúvida" de que existe uma estratégia de outros países em pedir que o Brasil preserve seu ambiente para que eles possam fazer a exploração no futuro. — Eu não tenho nenhuma dúvida, eu nunca tive nenhuma dúvida. Estratégia de preservar o meio ambiente do Brasil para mais tarde eles explorarem. Está cheio de ONG por trás deles, ONG sabidamente a serviço de governos estrangeiros. Vocês têm que ler mais um pouco sobre isso, viu? Vocês estão muito mal informados — advertiu aos jornalistas, na porta do hotel em que a comitiva de Bolsonaro está hospedada na cidade japonesa. O debate ambiental estará presente no encontro do G20, que começa nesta sexta-feira. Líderes europeus como o presidente francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel, condenam a política ambiental brasileira. Macron recusa-se a assinar um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, caso o governo Bolsonaro rasgue o acordo de Paris, que traz uma série de medidas sobre a condição climática.

'Conversa clara'

Questionado sobre a decisão, Heleno disse que "isso já foi dito". — Pode ou não (sair do acordo), se for perguntado. Não está na pauta do G20 isso — imagina. O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia está em pauta, em Bruxelas, para onde viajou o chanceler brasileiro Ernesto Araújo. Merkel disse estar muito preocupada com a preservação da Amazônia e que aproveitaria o G20 para “ter uma conversa clara” com Bolsonaro. Em Osaka, Bolsonaro disse que não aceitará advertências de outros países. Ele foi questionado sobre a declaração da chanceler alemã. — Eles (os alemães) têm a aprender muito conosco. O presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países. Não, a situação aqui é de respeito para com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como no passado de alguns casos de chefes de Estado que estiveram aqui — disse o ministro, sem citar um exemplo sequer das lições a serem aplicadas à Alemanha.

Amazônia

Heleno diz que a política ambiental não vai mudar, mas que o país tem que buscar uma postura em que “nós possamos aproveitar as nossas riquezas sem prejudicar o meio ambiente, é o famoso desenvolvimento sustentável”, disse. — O que não pode é país dar palpite no Brasil. A gente não dá palpite em ninguém, por que que a gente não dá palpite no meio ambiente da Alemanha? Quais são as florestas que o europeu preservou? Veja que tinha de floresta no início do século e o que tem hoje. Veja o que o Brasil tinha de floresta e tem hoje — disse. Heleno denunciou, ainda, a existência de ONGs que atuam na área e, questionado se o governo pretende controlá-las, disse que é muito difícil. Também não citou uma organização, sequer, que estaria em descumprimento com a legislação brasileira. — É muito difícil. Agora, que tem que limitar a atuação dessas ONGs, tem — constatou. Em Osaka, o presidente — visivelmente irritado — interrompeu o diálogo com os jornalistas, após perder a paciência com um dos repórteres, que insistia em saber se ele encontrará a chanceler alemã; e sobre a prisão de um militar que transportava 39 quilos de cocaína em um dos aviões presidenciais.
Assista, adiante, à entrevista:
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