O veto do presidente ao projeto que previa a distribuição gratuita de absorventes para as estudantes das escolas públicas, moradoras em situação de rua, presidiárias, entre outras mulheres em situação de vulnerabilidade, ilustra as opções adotadas por esse governo, sempre voltadas aos interesses dos mais ricos e relegando a segundo plano as demandas da população mais pobre.
Por Wadson Ribeiro- de São Paulo
A situação política do governo federal chegou a um ponto tão crítico, que não há uma visita de Bolsonaro que não seja recebida com protestos e manifestações. Esta semana na Basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo, em pleno Dia da Padroeira do Brasil, Bolsonaro recebeu vaias em sua chegada e um verdadeiro sermão de Dom Orlando Brandes, arcebispo do santuário, em sua homilia. Os protestos são reflexos de uma situação socioeconômica que coloca o Brasil no mapa de uma degradação social que atinge a vida de milhões de brasileiros.Aumento da pobreza
Contudo, mesmo diante do aumento da pobreza o governo se demonstra inerte e as políticas adotadas no âmbito da Educação, da Cultura, da Ciência e Tecnologia e de outras áreas vitais do Estado brasileiro representam um verdadeiro desastre para o presente e o futuro do país. A evasão escolar fruto da pandemia soma-se aos cortes de verbas para a educação básica e superior, o que a médio e longo prazos aprofundarão as desigualdades no país. Somente na Ciência e Tecnologia, o governo cortou R$ 600 milhões do ministério, comprometendo projetos como o Centro Nacional de Vacinas, em parceria com o governo de Minas e com a UFMG. Programas de moradia popular, saneamento básico e mobilidade urbana foram praticamente paralisados. Nos ministérios são poucos os programas governamentais. O orçamento da União passou a ter forte influência dos deputados e dos senadores do Centrão em sua execução, sem qualquer debate estratégico, fruto de planejamentos plurianuais ou conferências temáticas. A insensibilidade social, aliada à incompetência de gestão e o desgoverno na política econômica, estão jogando cada vez mais os brasileiros para a linha da pobreza. Infelizmente, além do genocídio causado pela irresponsabilidade de Bolsonaro diante da pandemia, o aumento da miséria, esboçada em uma população que passou a consumir osso e a passar fome, são as marcas principais desse momento obscuro que o país atravessa.Wadson Ribeiro, é presidente do PCdoB-MG, foi presidente da UNE, da UJS e secretário de Estado.
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