Na véspera, a Câmara dos Deputados norte-americana aprovou a reforma tributária e o Senado, embora tenha feito o mesmo, fez alteração que obriga o texto a ser novamente votado, nesta quarta-feira.
Por Redação - de São Paulo
A apenas três dias do Natal, os investidores resolveram acreditar em um cenário mais favorável. O dólar recuava ante o real, nesta quarta-feira, com os agentes do mercado financeiro aguardando o fim da tramitação da reforma tributária no Congresso norte-americano e possíveis consequências para a economia e política monetária nos Estados Unidos.
Às 12h18, o dólar recuava 0,15%, a R$ 3,2916 na venda, depois de marcar a mínima de R$ 3,2819. O dólar futuro caía 0,20%.
— Há expectativa de piora nas contas norte-americanas e de que a economia não apresente melhora substancial, já que está aquecida — afirmou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
Taxas de juros
Na véspera, a Câmara dos Deputados norte-americana aprovou a reforma tributária e o Senado, embora tenha feito o mesmo, fez alteração que obriga o texto a ser novamente votado, nesta quarta-feira, pelos deputados. Mas a expectativa é de que seja aprovado novamente.
O temor dos agentes é de que o pacote tributário possa gerar mais inflação; uma vez que a economia já está aquecida. Isso obrigaria o Federal Reserve, o Banco Central do país, e ser mais duro e elevar mais os juros. Taxas altas tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças financeiras, como a brasileira.
O dólar rondava a estabilidade ante uma cesta de moedas, mas cedia ante divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e a lira turca. Internamente, o volume negociado nos mercados já está mais enxuto por causa do final do ano, o que abre caminho para oscilações um pouco mais intensas.
— O cenário ainda inspira cuidado e, por isso, acredito que o dólar deve ficar rondando os R$ 3,30 — afirmou Faria Júnior, referindo-se ao cenário político brasileiro diante da votação da reforma da Previdência marcada para fevereiro.
Proposta tributária
O Banco Central vendeu o total de até 10,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, e concluiu a rolagem do vencimento de janeiro, de US$ 9,638 bilhões. O próximo vencimento de swap acontece apenas em abril, no valor total de US$ 9,029 bilhões.
Já o principal índice da bolsa paulista operava no azul nesta quarta-feira. Ganhava respaldo do quadro mais positivo no exterior; após o avanço da reforma tributária nos Estados Unidos. Às 11h33, o Ibovespa subia 0,72%, a 73.206 pontos. O giro financeiro era de R$ 933 milhões.
A proposta de reforma tributária nos EUA foi aprovada na terça-feira pela Câmara dos Deputados. Mas a medida terá de ser votada novamente; após mudanças ao projeto feitas no Senado. No entanto, a visão de analistas é que a nova votação na Câmara, de maioria republicana, será rápida, abrindo espaço para sanção presidencial.
Efeito positivo
Apesar do tom mais positivo do mercado até o momento, operadores não descartam volatilidade aos negócios, devido à liquidez reduzida com a proximidade das festas de fim de ano e também com preocupações em relação à situação fiscal e política do Brasil.
Localmente, investidores ainda não abandonaram a cautela; diante de receios de um novo rebaixamento do rating do Brasil pelas agências de classificação de risco. Isso, após o adiamento da votação da reforma da Previdência para o próximo ano; com a suspensão liminar de medida que adiava reajuste de servidores federais; além de fixar alíquota de contribuição social progressiva para os servidores.
Na outra ponta, a liberação de depósito compulsório pelo Banco Central é vista como uma medida com algum efeito positivo para a economia; ao permitir que os bancos reduzam em R$ 6,5 bilhões os compulsórios.
“De forma resumida, podemos dizer: é mais uma ação tida como expansionista; que contribui para a retomada econômica”. Foi o que escreveram os analistas da corretora Guide Investimentos; em nota a clientes.