Ex-ministro da Integração Nacional e deputado federal mais votado proporcionalmente no país, Ciro Gomes (PSB), em entrevista ao Correio do Brasil, afirmou que a sociedade brasileira evoluiu e construiu mecanismos que garantem a transparência. Ciro Gomes analisa as eleições deste ano, fala da expectativa em relação à Câmara dos Deputados e compara os resultados do governo Lula com os registrados em governos anteriores:
- Os indicadores de desconcentração de renda não são espetaculares, mas pela primeira vez aparecem de forma positiva ao longo de 20 anos - diferenciou.
- Quais suas expectativas para atuar na Câmara dos Deputados?
- Recarreguei totalmente as baterias com esse processo eleitoral que enfrentamos, tanto nacionalmente quanto no Estado. O grupo de apoio ao presidente Lula está coeso em cima de valores que fundamentam os compromissos nacionais, populares e com a ordem internacional. Estes valores fazem parte de um grande projeto nacional que o PSB persegue. De outro lado, a luta no Ceará me devolveu o sentido da minha vocação política pela luta popular.
- O que mais desperta seu interesse na política?
- Estou interessado em participar deste debate do projeto nacional e pretendo contribuir com o fortalecimento do partido como uma força socialista, nacional e democrática. Vamos fazer um trabalho ético, mas não essa ética picareta que muitos levantaram para fins estritamente eleitoreiros. Por outro lado, como instituição republicana, vamos prevenir as distorções e as más práticas públicas. Se você observar, todo esse ano e meio de crise foi usado na tentativa de manipular a opinião pública. Usaram a ética, que é um argumento nobre, de maneira pequena... Mas nenhuma instituição mudou, nenhuma regra foi feita para prevenir isso que é endêmico na história da política brasileira contemporânea, a chamada corrupção, que tanto choca o povo trabalhador do país. Tenho 30 anos de vivência política e sempre soube de forma sofrida o quanto de safadeza, patrimonialismo, ladroeira e corrupção estão impregnados na administração brasileira.
- Por que essa prática ainda persistiu, durante tanto tempo?
- O que acontecia é que as instituições que são obrigadas a fiscalizar essas práticas eram controladas por corruptos. O Ministério Público no governo Fernando Henrique Cardoso - só para dar o exemplo - era chamado de engavetador-geral da República. Atualmente é o Ministério Público, nomeado livremente pelo presidente, que pune figuras centrais da política dominante. A Polícia Federal, que sempre foi um instrumento do poder para atacar pessoas e torturar, hoje é uma instituição republicana que multiplica por mil o desempenho ao combate dos criminosos de grande porte. Tudo isso mostrando discretamente para o povo que cadeia, no Brasil, não é só para ladrão de galinha. Por isto a questão da ética e transparência é mais bem protegida neste governo, embora tenha contradições, do que nos governos anteriores.
- Sua ação no plenário será em total defesa do governo? Como o senhor vai proceder nas votações do Executivo?
Ciro Gomes - Eu defendo o que acredito, e tenho direito de falar com franqueza e tenho um espaço privilegiado para apontar as coisas que estão erradas. Compreendo que o governo Lula tem graves defeitos, mas sei que a representação do presidente e a coalizão que ele tenta sistematizar defendem o interesse nacional, popular e ético, no sentido real deste termo. É como se fosse uma grande família, um ou outro pode cometer desatinos, mas a forma de se tratar isso não é dispersando um bloco coeso.
- Como o sr. analisa o atual momento brasileiro?
- Tenho certeza de que o interesse nacional nunca esteve tão protegido como está agora, digo isso com base em números concretos: o Brasil, quando Lula tomou posse, precisava de 63 bilhões de dólares para fechar a conta e quebrou três vezes com a incon