Rio de Janeiro, 23 de Julho de 2025

Cinemato mobiliza Cuiabá com tema ‘Descolonizando a Amazônia’

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Domingo, 13 de Julho de 2025 às 16:46, por: CdB

Entre os mais de 60 filmes de 19 Estados brasileiros que serão exibidos no festival, estão obras que dialogam com questões climáticas.

 

Por Redação, com ABr – de Cuiabá

Com um festival iniciado ainda em 1993, a capital mato-grossense terá nesta semana a 20ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (Cinemato), entre os dias 14 e 20 de julho.  Neste ano, o tema será ‘Descolonizando a Amazônia ─ uma homenagem ao cineasta Silvino Santos’, conhecido como o ‘cineasta da selva’, por sua contribuição pioneira ao registro audiovisual da Amazônia no século XX. Realizado por ele na década de 1920, o filme ‘Amazonas, o maior rio do mundo’ abre o festival.

Cinemato mobiliza Cuiabá com tema ‘Descolonizando a Amazônia’ | A Floresta Amazônica é pano de fundo para as produções exibidas no festival
A Floresta Amazônica é pano de fundo para as produções exibidas no festival

Foram selecionados 21 filmes, seis longas e 15 curtas nacionais, para concorrer ao Troféu Coxiponé. A premiação foi inspirada na etnia bororo, que habitava as margens do Rio Coxipó e é símbolo da resistência cultural em Mato Grosso. Entre os critérios adotados pela curadoria do evento, estão diversidade estética e narrativa, protagonismo de grupos historicamente invisibilizados e conexões com o tema da Amazônia decolonial.

 

Os longas da mostra competitiva são: 

Mawé, de Jimmy Christian (AM), ficção que narra o conflito de uma jovem indígena entre os rituais de sua aldeia e a vida urbana;

Pedra Vermelha, de Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt (SC), documentário que acompanha comunidades impactadas por megaprojetos no Sul do país;

Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta, de Marco Altberg e Tainá de Luccas (RJ), que mergulha no pensamento cosmológico yanomami;

O Silêncio das Ostras, de Marcos Pimentel (MG), um ensaio sensorial sobre luto e meio ambiente;

Concerto de Quintal, de Juraci Júnior (RO), que transforma a música em instrumento de resistência e pertencimento;

• Serra das Almas, de Lírio Ferreira (PE), que revisita a poética sertaneja em uma obra  de ficção.

 

Eurocêntrico

Para o diretor do Cinemato, Luis Borges, o recorte escolhido este ano é de extrema importância.

— O tema deste ano, na verdade, não tem como propósito apenas cineastas ou filmes realizados na Amazônia. É trazer filmes que promovam uma desconstrução desse olhar eurocêntrico que a gente tem sobre o nosso país, sobre os sujeitos desse país — avaliou.

Entre os mais de 60 filmes de 19 Estados brasileiros que serão exibidos no festival, estão obras que dialogam com questões climáticas, como o mineiro ‘O Silêncio das Ostras’, sobre a ruptura da barragem em Brumadinho, em 2019. 

 

Projetos

Para Luis Borges, os festivais de cinema são as vitrines dos filmes que não ganham distribuição nos cinemas, e o Cinemato traz também a importância de capacitar profissionais para atuar na área de cinema em  Mato Grosso

— Com as oficinas que eram realizadas no festival, começou a se preparar uma mão de obra para poder realizar os filmes, os novos projetos, os projetos contemporâneos que começaram a surgir estimulados a partir da realização do festival. Na época, o circuito de exibição de Cuiabá tinha apenas uma única sala de cinema — ressalta Borges.

Para o diretor, o Cinemato cumpre um papel importante como vitrine e tela para o cinema nacional, visto que, mesmo com a cota de tela e leis que foram criadas para proteção do setor, ainda não há fiscalização na região. Por meio do festival, o cinema brasileiro encontra seu público em Mato Grosso.

 

Dira Paes

A cerimônia de encerramento, marcada para o dia 20 de julho, terá Dira Paes, que retorna ao festival onde recebeu seu primeiro prêmio de Melhor Atriz, em 1996, por ‘Corisco & Dadá’. A artista entregará pessoalmente o ‘Prêmio Dira Paes’, que homenageia mulheres com atuação de destaque no audiovisual e em causas socioambientais.

— Para mim é uma honra fazer parte de um festival que eu vi nascer na sua primeira edição. É um festival que tem um DNA próprio, que se correlaciona com a sua região, com os seus conteúdos, as suas demandas, as suas reflexões, sobre a potência desse bioma onde ele acontece. Me sinto orgulhosa de entregar pessoalmente um prêmio como meu nome — disse a atriz.

Estreante como diretora em ‘Pasárgada’, no ano passado, Dira Paes acredita que o cinema brasileiro vive um momento muito especial e um ano histórico, com o Oscar de Melhor Filme Internacional para ‘Ainda Estou Aqui’.

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