Um grupo de 21 cientistas renunciou, neste sábado, em carta aberta à Ordem Nacional do Mérito Científico dadas por Jair Bolsonaro (sem partido), que removeu a medalha a especialista que se opôs ao medicamento.
Por Redação, com Sputniknews - de Brasília
Cientistas condecorados por Jair Bolsonaro (sem partido) renunciaram à Ordem Nacional do Mérito Científico, depois que um deles foi retirado da lista por criticar o uso da cloroquina para tratamento contra a covid-19.
Bolsonaro, negacionista, persegue cientistas que se posicionaram contra a cloroquina e é rechaçado em carta aberta ao público
"Enquanto cientistas, não compactuamos com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia têm sido utilizados como ferramentas para fazer retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade cientifica brasileira nas últimas décadas", afirmou a carta publicada pelos cientistas.
O cientista perseguido por Bolsonaro foi Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, da Fiocruz. Adele Benzaken, atual diretora da Fiocruz Amazônia, também foi excluída da condecoração. Os pesquisadores consideraram mesmo assim "gratificante" estarem presentes na lista.
Distinção
Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um dos cientistas mais influentes do mundo, e que já renunciou à medalha na véspera, disse a jornalistas que a "honraria era uma das coisas mais altas que um cientista pode almejar em termos de distinção", mas que "aceitar esta homenagem deste governo seria compactuar com o negacionismo, com a maneira como a pandemia tem sido enfrentada e com os cortes no orçamento científico do Brasil".
“Entretanto, a homenagem oferecida por um Governo Federal que não apenas ignora a ciência, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva, não é condizente com nossas trajetórias científicas", escreveram os 21 cientistas, na carta.
O uso da cloroquina e hidroxicloroquina, promovidas pelo atual presidente brasileiro durante a pandemia da covid-19, não tem sido apoiado por estudos científicos, que apontam sua falta de eficácia no combate ao coronavírus. Especialistas epidemiológicos também têm criticado seu uso pela administração neofascista.