Na audiência junto ao STF, Cid confirmou a autenticidade da mensagem de áudio que teria encaminhado “a amigos” em tom de “desabafo”. Ao contrário do que disse nas mensagens, no entanto, o militar também reafirmou ao Supremo da sua decisão de, espontaneamente, delatar os fatos que presenciou.
Por Redação - de Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), amanheceu preso, neste sábado, de volta ao confinamento que havia deixado ao aceitar a proposta de uma delação premiada junto à Polícia Federal. Ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite passada, Cid reafirmou todo o conteúdo das confissões assinadas e negou qualquer tipo de coação para fazê-lo, em uma tentativa de manter os privilégios adquiridos com o acordo.

A volta de Cid à prisão ocorre depois de a revista semanal de ultradireita Veja publicar a íntegra de um áudios em que o militar critica a atuação do ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF), em linha com as alegações da defesa de Bolsonaro nos processos que o colocam como líder do golpe fracassado no 8 de Janeiro.
Na audiência junto ao STF, Cid confirmou a autenticidade da mensagem de áudio que teria encaminhado “a amigos” em tom de “desabafo”. Ao contrário do que disse nas mensagens, no entanto, o militar também reafirmou ao Supremo da sua decisão de, espontaneamente, delatar os fatos que presenciou durante o governo Bolsonaro, sem qualquer pressão da PF ou do Judiciário.
Episódios
Assim que chegou para o depoimento convocado pela PF, na tarde passada, Cid recebeu voz de prisão e, segundo relatos vazados para jornalistas, chegou a desmaiar e precisou ser atendido por uma equipe médica.
Os motivos da prisão, segundo o mandado judicial, foram o descumprimento de cautelares impostas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e por obstrução de Justiça, por comentar sobre a delação nos áudios tornados públicos. Ainda no conteúdo divulgado, Cid afirmou ter sido pressionado por agentes federais a delatar episódios dos quais não tinha conhecimento ou que, simplesmente, “não aconteceram”.
O ex-ajudante também afirmou, segundo a revista, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o militar no STF, teriam uma “narrativa pronta” e apenas aguardavam o momento certo de “prender todo mundo”.