Novo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia concedeu, na manhã desta sexta-feira, sua primeira entrevista na qualidade de terceiro homem na escala de poder da República. Ele reafirmou que quer ampliar o diálogo entre o governo e a oposição. No outro lado da disputa, embora tenha perdido a eleição, o deputado comunista Aldo Rebelo (SP) deverá ser convidado para o Ministério da Defesa.
Demonstração de força
Chinaglia disse que sua vitória é uma demonstração de força do PT, mas o partido precisa reconhecer os erros cometidos no passado recente.
- O PT se unificou em torno da minha candidatura, e com isso o partido sai fortalecido - destacou. O petista de São Paulo venceu a disputa pela Presidência da Casa, em segundo turno, com 261 votos contra 243 de Aldo.
A prioridade de Chinaglia será restabelecer a autonomia e a imagem da Casa. Ele já agendou para segunda-feira uma reunião com o Colégio de Líderes para definir a agenda de votações da Câmara que, na próxima semana, estará trancada por duas medidas provisórias.
Avaliações
Ao fim da eleição para a Presidência da Casa, Aldo Rebelo e Gustavo Fruet (PSDB-PR), candidato da terceira via derrotado no 1º turno, avaliaram suas campanhas.
Aldo disse que não teve nem pediu apoio do governo, mas comemorou o "grande apoio" que teve de outros deputados que compartilham suas idéias sobre o país e sobre o destino da Câmara. Ele reiterou que, com a vitória de Chinaglia, houve uma concentração de poder nas mãos do PT e evitou comentar a possibilidade de assumir um cargo em um ministério ou a liderança do governo na Câmara.
Gustavo Fruet afirmou que sua campanha foi vitoriosa por ter provocado o debate qualificado na sucessão do comando da Casa e disse que os 98 votos recebidos por ele credenciam a terceira via a manter a vigilância sobre a Câmara. Fruet criticou formação de blocos parlamentares como estratégia para conquistar cargos na Mesa Diretora e nas comissões permanentes. Segundo ele, os blocos agiram como rolo compressor e podem dividir a base governista e contaminar o trabalho da Casa. Fruet acrescentou que o resgate da ética e da autonomia da Câmara será uma das prioridades da nova legislatura.
Ministério
Após a derrota de Aldo Rebelo, o governo estuda um convite para que o deputado ocupe, novamente, o Ministério da Defesa, cargo que deverá ficar vago com a remoção de Waldir Pires para o cargo que também ocupou anteriormente, o de controlador-geral da União. A hipótese foi levantada no final da noite desta quinta-feira, durante as comemorações pela vitória de Chinaglia, por um petista de alto posto no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda segundo o parlamentar, que ajudou a articular a vitória do companheiro de legenda, "o Aldo é um homem de muito prestígio e querido pelo presidente".
- De forma alguma o governo deixará de prestigiar o deputado Aldo Rebelo. Ele tem uma extensa lista de bons serviços prestados ao Brasil e tudo para continuar como um dos mais próximos colaboradores do presidente Lula - afirmou.
Apoio tucano
Ficou mais fácil para o governo negociar com os tucanos no Parlamento, após a articulação - coordenada pelos governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra - que levou um grande número de votos do PSDB para o candidato petista. Ainda na avaliação do parlamentar que integra a base governista e, na madrugada desta sexta-feira, encontrou-se com um grupo de deputados peemedebistas e tucanos, no mesmo restaurante da capital federal onde se comemorou a vitória de Chinaglia, "o (governador José) Serra marcou posição no partido".
- Com a vitória de Chinaglia, quem perde espaço no ninho tucano é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato derrotado à Presidência da República Geraldo Alckmin. Esse último, embora esteja nos EUA, gastou muit