Rio de Janeiro, 11 de Setembro de 2025

Chávez instala o socialismo na Venezuela

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Quarta, 10 de Janeiro de 2007 às 10:37, por: CdB

Presidente reeleito da Venezuela, Hugo Chávez tomou posse nesta quarta-feira para seu novo mandato, que vai até 2013, com promessas de uma radical revolução socialista e de nacionalizações, que já derrubaram os mercados financeiros. Animado por sua tranquila vitória eleitoral de dezembro, o líder antinorte-americano segue embalado rumo à instalação de um Estado socialista na América Latina: recusou-se a renovar a concessão de uma rede de TV oposicionista e prometeu assumir o controle de empresas importantes, algumas das quais de capital estrangeiro.

- Estamos avançando para uma república socialista da Venezuela - disse Chávez na segunda-feira, quando anunciou políticas como o fim da autonomia do Banco Central e um pedido ao Congresso para que o presidente tenha poderes legislativos especiais. Os mercados financeiros reagiram à guinada de Chávez ainda mais à esquerda. A Bolsa perdeu quase um quinto do seu valor na terça-feira, os títulos da dívida caíram a seu menor valor em seis semanas, e a moeda local foi vendida a quase o dobro da taxa oficial.

Enquanto a oposição acusa Chávez, no poder desde 1999, de tentar transformar o país, grande exportador de petróleo, em uma economia centralizada, ao estilo cubano, o líder bolivariano reúne multidões na capital venezuelana, em apoio às transformações sociais e econômicas do país. Reeleito com 63% dos votos em dezembro, o presidente estimulou ainda mais as comparações com Fidel Castro ao anunciar a formação de um partido único para apoiá-lo, embora declare que sempre vai tolerar a oposição.

Chávez já controla o Parlamento e o Judiciário, e afirma que apenas seus seguidores devem ser admitidos no Exército e na estatal petrolífera PDVSA. A mídia e a infra-estrutura, seus novos alvos, são dois setores que poderiam completar seu controle sobre o Estado. O presidente diz necessitar de mais poderes para salvar a Venezuela da exploração e mesmo de um ataque de países capitalistas, especialmente os Estados Unidos.

Chávez já confiscou enormes fazendas de pecuária, algumas de propriedade estrangeira, para distribuir terras aos pobres. O chanceler Nicolás Maduro defendeu os planos de Chávez:

- Esta é uma missão de resgate para a soberania da Venezuela.

Já o líder da oposição, Menuel Rosales, critica o presidente.

- Ele está falando como o mestre da Venezuela, tentando guiar a Venezuela para a escuridão.

Repercussão

A estatização das companhias telefônicas e petrolíferas, algumas das quais contam com recursos norte-americanos, e o projeto de enviar tropas para a Bolívia são algumas das medidas anunciadas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que podem gerar temores em Washington. É essa a opinião de analistas norte-americanos a respeito de ações que o líder venezuelano, que toma posse nesta quarta-feira, poderá tomar em seu terceiro mandato.

- A relação política entre Estados Unidos e Venezuela tem sido tensa, mas os laços econômicos têm sido prósperos. Com o anúncio de que pretende nacionalizar empresas, Chávez está avançando por um novo terreno, a economia, que é uma área bem mais sensível - diz Michael Shifter, analista político do instituto Inter American Dialogue.

No entender de Shifter, ainda é preciso ver no que consiste exatamente o projeto estatizante do líder venezuelano, mas ele acredita que o plano de nacionalizar companhias abre margem para uma maior deterioração nas relações entre os dois países.

O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse que o processo de nacionalizações "tem um longo e inglório histórico de fracaso em todo o mundo" e acrescentou que o governo norte-americano "apóia o povo da Venezuela", mas disse que esta terça-feira, depois que Chávez manifestou sua intenção de estatizar empresas, "foi um dia triste" para os venezuelanos. Em sua edição de terça, o jornal americano Washington Post comentou a suposta intenção do líder venezuelano de nacionalizar poços de p

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