Madri anunciou que vai impor um regime direto sobre a Catalunha para combater uma tentativa de independência que a corte constitucional espanhola declarou ilegal
Por Redação, com Reuters - de Madri/Paris:
A Catalunha vai recorrer ao tribunal constitucional contra a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola pelo governo central, que colocaria a administração da região nas mãos de Madri, disse o porta-voz do governo regional, Jordi Turull, nesta terça-feira.
O Senado espanhol deve autorizar nesta semana o governo central a usar os poderes especiais na Catalunha.
O líder da Catalunha, Carles Puigdemont, não pode resolver a crise política com Madri apenas convocando eleições regionais, disse o ministro de Justiça espanhol, Rafael Catalá, nesta terça-feira.
Madri anunciou que vai impor um regime direto sobre a Catalunha para combater uma tentativa de independência que a corte constitucional espanhola declarou ilegal, invocando poderes nunca antes utilizados para desfazer o governo regional e forçar a realização de novas eleições.
O Senado da Espanha planeja votar a implementação do regime direto na sexta-feira.
– Quando o governo propõe uma opção tão extrema quanto o artigo 155 é porque nós acreditamos que houve um sério fracasso de Puigdemont em cumprir suas obrigações – disse o ministro da Justiça em entrevista. “Tudo não é consertado apenas convocando uma eleição”.
Catalães franceses
Catalães da França têm uma casa de campo com piscina e outros abrigos prontos caso Carles Puigdemont; e outros líderes da região espanhola da Catalunha precisem se refugiar.
Embora a ideia de os líderes catalães fugirem da Espanha e criarem redes clandestinas no exterior ainda pareça remota; apoiadores franceses da independência catalã não estão correndo riscos. Eles dizem ter 52 casas e apartamentos disponíveis na fronteira com a Espanha.
– Está tudo pronto. Temos a logística para acomodar cerca de 200 pessoas por enquanto, e mais se necessário – disse Robert Casanovas, ativista e diretor do Comitê de Autodeterminação da Catalunha do Norte, a área catalã francesa.
– Nosso objetivo é estarmos prontos se emitirem mandados de prisão contra membros do governo catalão; e em particular seu presidente – disse ele em uma entrevista por telefone.
O governo espanhol ameaça impor um controle direto sobre a Catalunha, região com língua; e cultura próprias que realizou um referendo de independência em 1º de outubro que tribunais espanhóis declararam ilegal.
Milhares de falantes de catalão moram na fronteira com a França, principalmente na região do leste dos Pireneus; ao longo do litoral do Mediterrâneo, um território cedido pela Espanha à França no século 17.
No final dos anos 1930, autoridades catalãs de primeiro escalão buscaram refúgio do ditador militar espanhol Francisco Franco em solo francês.
Puigdemont e seu governo conclamaram desobediência civil em desafio à possível instauração de um controle direto. Mas não debateram um exílio em público.