Rio de Janeiro, 16 de Julho de 2025

Câmara rejeita chantagem de Trump e congela o PL da Anistia

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Segunda, 14 de Julho de 2025 às 18:15, por: CdB

O efeito prático do posicionamento de parcela substancial das forças conservadoras é o isolamento das posições mais radicais, que seguem o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL).

Por Redação – de Brasília

O Projeto de Lei (PL) da Anistia, que instalaria o perdão aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, continuará na gaveta do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), por tempo indeterminado. A proposta, articulada por aliados de Jair Bolsonaro (PL), não tem mais qualquer perspectiva de avanço neste semestre, na avaliação de líderes do chamado ‘Centrão’.

Câmara rejeita chantagem de Trump e congela o PL da Anistia | Trump usou Bolsonaro para impor tarifas pesadas ao Brasil e, com isso, mais prejudicou do que ajudou suposto aliado
Trump usou Bolsonaro para impor tarifas pesadas ao Brasil e, com isso, mais prejudicou do que ajudou suposto aliado

Parlamentares do grupo que concentra legendas da direita até a extrema direita consideram inoportuno misturar a discussão da anistia com o recente agravamento da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, segundo apurou a coluna da jornalista Tainá Falcão, no canal norte-americano de TV CNN Brasil. O efeito prático do posicionamento de parcela substancial das forças conservadoras é o isolamento das posições mais radicais, que seguem o ex-mandatário neofascista.

Na semana passada, o presidente norte-americano, Donald Trump, impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Embora a primeira reação da Casa tenha sido extremamente cautelosa, mais vozes do campo conservador passam, agora, à defesa de que a negociação com a Casa Branca seja conduzida exclusivamente pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), empoderado tanto na esfera diplomática quanto econômica.

 

Alternativa

Em uma abordagem mais direta, nesta manhã, o Palácio do Planalto anunciou a criação de um comitê interministerial com a missão de formular, nos próximos dias, uma resposta pragmática à tentativa de intervenção de Trump na soberania brasileira, ao exigir a anistia ampla, geral e irrestrita aos golpistas do 8 de Janeiro, principalmente Bolsonaro, acusado de liderar a tentativa de ruptura dos preceitos democráticos.

Mesmo as negociações para uma proposta mais branda de acobertamento dos fatos, com Hugo Motta e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP); além do próprio Bolsonaro, foram basicamente congeladas após a edição do ‘tarifaço’ norte-americano. A proposta revisada prevê a exclusão de dois agravantes das sentenças aplicadas a participantes dos atos golpistas, o que poderia permitir a eles o cumprimento de penas menores e em regime aberto ou semiaberto.

 

Estrangeiro

O novo texto, no entanto, limitaria a anistia apenas aos presentes, fisicamente, na Esplanada dos Ministérios no dia dos ataques, excluindo financiadores e autores intelectuais dos crimes. Ainda assim, deputados bolsonaristas já articulavam um destaque para tentar incluir Bolsonaro entre os possíveis beneficiários da medida, o que cai por terra agora, diante dos novos acontecimentos.

Antes do agravamento da crise com os Estados Unidos, a oposição esperava conseguir votar o projeto ainda neste semestre. Agora, porém, mesmo seus defensores admitem que será difícil fazê-lo avançar no atual cenário. E no ano que vem, por se tratar de um período eleitoral, o tom tende a subir muito contra uma exigência imposta por um poder estrangeiro, principalmente após Bolsonaro ter sido condenado e preso, exposto à opinião pública brasileira.

“A ameaça de retaliações comerciais a partir de 1º de agosto realinhou posições no Congresso e provocou o isolamento de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que insistem em vincular a retirada das sanções à aprovação de uma anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023”, resumiu o jornalista José Reinaldo, em seu blog.

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