Brasil e Estados Unidos começaram o ano dispostos a impulsionar as negociações na Organização Mundial do Comércio. Na última quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reuniu-se em Nova Iorque com a representante americana de Comércio, Susan Schwab.
- Não nos encontramos para negociar, mas para procurar caminhos que nos permitam avançar. Claro que discutimos os principais aspectos da negociação em agricultura, NAMA [produtos manufaturados] e serviços, mas também falamos sobre o processo negociador e nossas relações com outros países e outros grupos de países, como o G 20 - sintetizou Amorim em coletiva à imprensa, após a reunião.
Segundo Amorim, os dois reconheceram que há muito trabalho pela frente, mas reafirmaram o comprometimento dos governos brasileiro e americano com o sucesso da atual rodada de negociações, a Rodada Doha.
- Raras vezes vi tanto envolvimento de chefes de Estado e de governo nesse processo. Acho que isso é um sinal positivo e mostra, claramente, o profundo compromisso com a conclusão da rodada. Claro que isso depende de muita negociação, de negociações duras, mas a determinação está aí - avaliou Amorim.
O chanceler brasileiro destacou que a negociação na OMC é um processo multilateral e, como tal, não pode ser resolvido bilateralmente. Tampouco depende de ações unilaterais.
- O Brasil, como membro do G 20, sempre dará ênfase ao fato de que temos que levar em conta os diferentes níveis de desenvolvimento, especialmente no tratamento preferencial. Mas todos estamos conscientes de que o movimento de um não país poderá resolver tudo - afirmou.
Susan Schwab destacou que as negociações não devem se limitar a questões agrícolas.
- Concordamos que devemos fazer mais não só em agricultura, mas em produtos industrializados e serviços.
A agricultura é considerada o motor da Rodada Doha uma vez que a rodada anterior, a chamada Rodada Uruguai, tratou de regular o comércio de bens manufaturados. Ainda assim, os países desenvolvidos condicionam concessões na área agrícola a uma abertura ainda maior nos setores de manufaturados e serviços.
- Concordamos que todos devemos fazer concessões, estas concessões beneficiarão a todos - enfatizou Amorim.
Questionado sobre a disposição dos Estados Unidos para fazer tais concessões, o chanceler brasileiro respondeu:
- Sinto uma disposição de discutir e isso é muito positivo.