A centenária petrolífera britânica British Petroleum (BP) anunciou, nesta terça-feira, que sua produção de petróleo e gás caiu 5% no quarto trimestre de 2006 em comparação com o ano anterior, na contramão das previsões de analistas. O anúncio alimenta temores dos investidores sobre a capacidade de crescimento da companhia. As ações da terceira maior companhia petrolífera do Ocidente em valor de mercado caíam 2,9% às 11h53 (horário de Brasília), ante uma queda de 1,66% no índice europeu do setor de petróleo e gás DJ Stoxx . A BP registrava a maior perda entre as blue-chips no mercado europeu como um todo.
A companhia informou, em um comunicado, que espera uma queda na produção do quarto trimestre para cerca de 3,82 milhões de barris por dia, devido à menor extração no Alasca, às temperaturas amenas no inverno do hemisfério norte e aos cortes de produção acordados pelos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para combater a queda nos preços da commodity.
- A BP está com o hábito de desapontar em vez de surpreender positivamente - disse à agência inglesa de notícias Reuters Colin Morton, gestor de fundos da Resnburg Fund Management, que controla as ações da BP.
O resultado representa a sexta queda trimestral consecutiva na produção da empresa, e deixa a produção total da companhia em 2006 em 3,92 milhões de barris por dia, 2,3 por cento menos que em 2005.
No começo de 2006, a BP tinha definido meta de produção entre 4,1 milhões e 4,2 milhões de barris de óleo equivalente por dia, mas em outubro ela reduziu a expectativa para 3,95 milhões por dia, após a corrosão de um oleoduto no Alasca que forçou o corte da produção no campo de Prudhoe Bay, o maior dos Estados Unidos.
A corrosão do oleoduto, críticas de reguladores sobre uma explosão fatal em uma refinaria da BP em Texas City e acusações de manipulação do mercado de combustíveis afetaram as ações da empresa em 2006, eliminando a valorização que as ações da BP tinham sobre papéis de rivais.
Incertezas sobre a sucessão do presidente da empresa, John Browne, atrasos em projetos e a produção em queda também levam os investidores a questionar a administração já elogiada da companhia. No entanto, muitas petrolíferas ocidentais estão com dificuldades para aumentar sua produção, já que os custos de exploração estão aumentando e muitos dos maiores campos têm acesso restrito por empresas governamentais.