O ataque do mandatário neofascista ocorre um dia depois de o TSE tomar a ação mais contundente desde que Bolsonaro fez ameaças golpistas contra as eleições presidenciais, uma vez mantido o atual sistema eleitoral.
Por Redação - de Brasília
Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, nesta terça-feira, ao acusá-lo de “cooptar” os ministros da corte eleitoral e do Supremo Tribunal Federal (STF); além de prestar “um desserviço ao país” ao se opor a instituição do voto impresso. Bolsonaro afirmou, ainda, que não vai aceitar "intimidações" e que eleições "duvidosas" não ocorrerão no ano que vem.
O ministro Luís Roberto Barroso pediu a abertura de uma notícia crime contra o presidente Bolsonaro (sem partido)
— O ministro Barroso presta desserviço à nação brasileira, cooptando agora gente de dentro do Supremo, né, querendo trazer para si, ou de dentro do TSE, como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o STF. Não é. É contra ministro do Supremo que é também presidente do TSE querendo impor a sua vontade — alega Bolsonaro.
O ataque do mandatário neofascista ocorre um dia depois de o TSE tomar a ação mais contundente desde que Bolsonaro fez ameaças golpistas contra as eleições presidenciais, uma vez mantido o atual sistema eleitoral.
‘Insensível’
O TSE, em resposta, aprovou a abertura de um inquérito e o envio de uma notícia-crime ao Supremo para que o chefe do Executivo seja investigado no inquérito das fake news. Os ministros pediram que ele seja incluído como investigado no inquérito sobre os crimes de divulgação de notícias falsas e ataques à democracia. Diante das agressões e ameaças de Jair Bolsonaro à eleições, o TSE aprovou, por unanimidade, a abertura de um inquérito administrativo sobre ataques à legitimidade das eleições.
Bolsonaro voltou a sugerir que há um complô para reeleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que as eleições serão fraudadas no próximo ano. Ele repetiu a retórica anticomunista que marcou a sua campanha ao Planalto em 2018. Em tom de ameaça, o presidente disse que pode convocar e participar de manifestações em resposta ao presidente do TSE.
— Se o ministro Barroso continuar sendo insensível, como parece que está sendo insensível, quer processo contra mim, se o povo assim o desejar, porque devo lealdade ao povo brasileiro, uma concentração na paulista para darmos um último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia. Repito, o ultimo recado para que eles entendam o que está acontecendo, passem a ouvir o povo, eu estarei lá — diz ele.
Manifesto
Todos os ex-presidentes do TSE assinaram, na véspera, um manifesto em apoio à urna eletrônica. O único ministro da atual composição do Supremo a não assinar o manifesto divulgado nesta segunda foi Kassio Nunes Marques, indicado à Corte por Bolsonaro. Os demais nove ministros da Corte são signatários.
A carta afirma que, desde 1996, quando o sistema de votação eletrônica foi implantado, "jamais se documentou qualquer episódio de fraude nas eleições" e que, nesses 25 anos, "a urna eletrônica passou por sucessivos processos de modernização e aprimoramento, contando com diversas camadas de segurança”.
Os juristas também argumentam que o sistema eletrônico conseguiu "eliminar um passado de fraudes eleitorais que marcaram a história do Brasil, no Império e na República", e que adotar o voto impresso, como deseja Bolsonaro, abrirá espaço para o retorno desse cenário de fraudes.